Livro recentemente lançado inspira uma grande degustação

Com o Livro ao Fundo, os grandes tintos das Vinícolas de Charme da Itália

Há cerca de um mês recebi o convite para o lançamento de um livro denominado Vinícolas de Charme. Infelizmente não pude ir, mas dias depois recebi um exemplar do livro editado por Claudio Schleder. Fiquei surpreso. A qualidade das fotos foi o primeiro impacto e logo na sequência fui me aprofundando página por página. Foi uma viagem! O livro me fez revisitar muitas propriedades que conheci e que parecem terem sido escolhidas a dedo por Schleder. Além disso, obviamente como um enófilo de carteirinha, comecei a me lembrar das ‘delicias produzidas nessas maravilhosas’ propriedades. O livro é mesmo um primor e ilustra com precisão o que há de melhor do mundo vitivinícola da Itália. No dia seguinte à imersão no livro, acordei inspirado para falar sobre alguns vinhos importantes das propriedades publicadas no livro Vinícolas de Charme.

As páginas dedicadas a Renatto Ratti com seus Barolo Marcenasco 2007

Para nossa fortuna, muitos vinhos dessas vinícolas estão disponíveis no Brasil e por isso terei que dividir a matéria em três partes, mais uma vez seguindo a ordem do livro. Praticamente o livro tem 3 capítulos. O 1º fala sobre o Piemonte, o 2º sobre a Toscana e o 3º capitulo, aborda outras regiões desse país, o único que produz vinhos em todas as suas regiões.

Não há como negar que Piemonte e Toscana são as mais destacadas regiões quando o assunto são grandes vinhos. O Piemonte é o berço dos Barolo, Barbaresco, Gattinara, Ghemme, Barbera D’Asti, Barbera D’Alba, etc. Já a Toscana brilha com seus Brunello di Montalcino, Chianti, Super Toscanos, etc. A rivalidade entre as duas regiões é sadia, mas muito acirrada. Os vinhos do Piemonte de maneira geral, principalmente Barolo e Barbaresco, são mais clássicos e precisam de certa maneira de mais atenção para serem apreciados, enquanto que os Toscanos, são, também de maneira geral, mais prontos e mais alegres que seus rivais do norte.

O Livro Vinícolas de Charme de Cláudio Schleder

Os grandes vinhos degustados de nosso delicioso livro Vinícolas de Charme são:

Bruno Rocca Barbera D’Asti 2008 – Esse produtor é um craque com seus Barbaresco. Tanto o normal quando o fabuloso single vineyard Rabajá, mas se consagra com um vinho super típico do Piemonte que são os produzidos com a casta Barbera, nesse caso  da DOC (denominazione di origine controllata) Barbera D’Asti. Em 2008 tivemos mais uma excelente safra na região. Sobra elegância nesse tinto. Foi melhorando a cada gole. Esbanja nos aromas a fruta madura (cerejas e ameixas negras) com a madeira totalmente integrada. Nota-se ainda caráter floral e tons especiados. O que marca é o equilíbrio entre a acidez, a fruta e a madeira. Um vibrante tinto que mostra a Barbera d’Asti in purezza do Piemonte. Delicioso. Deve ser consumido nos próximos 3 anos.  91 pontos.

O Barberra D'Asti 2008 com vinhedo da família Rocca ao fundo

La Spinetta Pin Monferrato Rosso 2005 – Giorgio Rivetti comanda essa impecável vinícola que está entre as mais destacadas de toda a Itália. Para ser uma ideia é essa vinícola que está em segundo lugar como a que mais vinhos tre Bicchieri (três taças) tem no renomamado Guia Italiano Gambero Rosso, só atrás do mago Angelo Gaja, também do Piemonte, que segue na liderança desde sempre. O titulo de tre Bicchieri é concedido anualmente pelo guia em questão para os vinhos mais destacados do país. A Cantina La Spinetta se destaca como Bruno Rocca com seus Barolo e Barbaresco, mas também produz excelentes Barbera e alguns blends, como o caso do Pin Monferrato. Esse tinto é produzido através do “casamento” das duas castas mais gloriosas de todo o Piemonte, a Nebbiolo, responsável pelos Barolo, Barbaresco, Gattinara, Gheme, etc, e a Barbera, que brilha em Alba e Asti. Seu blend final é 65% Nebbiolo e 35% de Barbera. Deliciosamente maduro nos aromas esbanjando fruta madura. Em boca é suculento e encorpado, mostrando a força dessas duas espetaculares castas. A Nebbiolo concede a elegância e a estrutura, enquanto que a Barbera traz a deliciosa acidez.  Mais um tinto repleto de caráter, que reflete o que o Piemonte tem de melhor. Pronto para consumo e com estrutura para evoluir por mais 3/5 anos. 91 pontos.

Um Trio de respeito do Piemonte

Depois da introdução ao Barbera e a um blend, degustamos 4 Barolo, sendo três da extraordinária safra 2006 e um da também excelente 2007. Todo Barolo é produzido, obrigatoriamente pela norma da DOCG, a partir de 100% da casta Nebbiolo.

O Barolo Castiglione 2006 da Casa Vietti

Vietti Barolo Castiglione 2006 – Alfredo Currado esposo de uma Vietti, falecido ano passado, foi um dos precursores do conceito dos Cru’s (single vineyard) no Piemonte na década de 60 do século passado. Seus cru’s Villero, Lazzarito, Rocche e Brunate, são verdadeiras joias. De todos os seus Barolos, esse Castiglione é o mais básico. O Castiglione 2006 é o melhor Castiglione produzido até hoje. É completo, rico, sensual e saboroso. O Barolo Castiglione é um blend de diversas vinhas da região de Castiglione Falleto. No nariz, é surpreendente, pois apresenta uma impressionante modernidade. A cereja está bem pronunciada com a madeira, o álcool, o caráter mineral e floral, em excelente sintonia. Boca plena e muito firme. Delicioso final. Apesar de ser ainda uma criança, já podemos arriscar e começar a beber algumas garrafas. Degustado em 2010, 20011 e novamente para essa matéria. Esta melhor a cada ano, sensacional e com mais 8/10 anos de boa evolução em garrafa.  93 pontos

O espetacular Barolo de Armando Parusso

 

Parusso Barolo “Castiglione Falleto e Monforte d’Alba” 2006 Esse Barolo é produzido a partir da Nebbiolo das comunas de Castiglione Falleto e Monforte d’Alba (uma tira na parte abaixo do rotulo leva essa indicação). Aromaticamente alia tudo que se pode esperar da Nebbiolo, mas para o lado mais moderno. Um mix de tons florais (violetas), fruta madura (negras e vermelhas confitadas – destaque para cerejas), alcaçuz, nuances minerais e toques especiados. Conjunto aromático muito exótico, que nos remete à infância (tutti- frutti). Gustativamente, é delicioso, com bons taninos e um final de boca persistente. Mais um tinto piemontês cheio de estilo da esplêndida safra de 2006. Maior surpresa de todos os Nebbiolo degustados para essa matéria. Esta jovem, porem encantador hoje. Estará melhor em 2 anos e depois disso tem muita vida pela frente. 94 pontos

Pio Cesare e seu Barolo 2006

 

Pio Cesare Barolo 2006 – A casa em questão produz tanto Barolo para o estilo mais tradicional quanto para o estilo mais moderno. Esse Barolo, o tradicional, estagia em bottes de madeira de 5.000 litros (70% do vinho) e na sequência passa por carvalho francês (30% do vinho). O Ornato, o Barolo topo de linha da casa, estagia em barricas de carvalho francês de 225 litros. Os dois são sensacionais, mas para quem quer entender mais de Barolo e da Nebbiolol, não há duvida que é mais interessante provar o Barolo tradicional,  denominado Estate  Barolo. Além do processo de vinificação, esse Barolo é produzido com a Nebbiolo proveniente de diversas sub-regiões de Barolo, dentre elas, Serralunga D’Alba e La Morra, dentre outras. Grandioso tinto de uma grandiosa safra que foi 2006. Aromas encantadores com framboesas e cerejas maduras em destaque, complementados pela marca floral (rosas) da casta. Sua marca mineral também está presente. Sente-se ainda o alcaçuz, mais uma marca da maioria dos especiais Nebbiolo. Encerra o conjunto aromático com uma nuance deliciosa de especiarias. Boca firme e rica. Repleto de estilo. Seus taninos são de excelente formação. Mais um tinto que já é delicioso, principalmente se estiver à mesa com um prato com personalidade. Um Filet Mignon acompanhado de um risoto de funghi porcini seria opção perfeita. Um tinto para longa guarda. Aprecie-o nos próximos 10/12 anos. 93 pontos.

As páginas dedicadas a Renatto Ratti com seus Barolo Marcenasco 2007

 

Renato Ratti Barolo Marcenasco 2007 – A Família Ratti tem produzido grandes Barolo. Depois de alguns anos longe dos holofotes, excedeu em qualidade com as safras 2006 e 2007, que de maneira geral estão equivalentes. Sem duvida os tintos dessa casa são superiores se comparados com os tintos dos primeiros anos do novo milênio. O Marcenasco 2007 está muito vivaz nos aromas. Mais um Barolo que esbanja estilo e marca da casta Nebbiolo em um grande tinto. O conjunto aromático é delicioso. Marca floral marcante, fruta madura com uma boa carga de madeira, porem com tudo muito integrado. Palato delicioso e rico. Impressiona o detalhe mineral. Delicioso retrogosto. Um Barolo delicioso e marcante, que já pode ser apreciado hoje, mas estará melhor em dois anos. Depois disso pode ser apreciado por mais 15 anos. 93 pontos.

Na semana que vem tem mais vinhos das Vinícolas de Charme,  dessa vez os Toscanos… Até lá.

Os vinhos Bruno Rocca são importados para o Brasil pela WorldWine – www.worldwine.com.br

Os vinhos Vietti são importados para o Brasil pela Mistral – www.mistral.com.br

Os vinhos La Spinetta e são importados para o Brasil pela Vinci Vinhoswww.vinci.com.br

Os vinhos Pio Cesare são importados para o Brasil pela Decanter – www.decanter.com.br

Os vinhos Parusso são importados para o Brasil pela Viníssimo – www.vinissimo.com.br

Os vinhos Renato Ratti  são importados para o Brasil pela Expand – www.expand.com.br