A seleção de hoje privilegia o inusitado e, por coincidência, tudo na região central de São Paulo. Vamos começar com a exposição do ilustrador e artista plástico Marcelo Cipis, que abre, sábado, o calendário de exposições do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013, lá no Complexo da Funarte, nos Campos Elíseos. A mostra de Cipis, “Rostos à procura de um Rosto”, é composta por uma série de trabalhos inéditos que unem arte, animações em vídeo e literatura, com a participação da escritora e arquiteta Joana Barossi, também responsável pela montagem. O curador Tobi Maier vasculhou no acervo do artista trabalhos do final dos anos 1980 até hoje. São pinturas, desenhos, impressão digital sobre metacrilato, fibra de vidro pintada e até bordado sobre tecido. No trabalho de Cipis sempre há humor. Procurem. Fica até quase a véspera de Natal.
Perfume de Princesa é o surpreendente trabalho do artista plástico Wagner Malta Tavares que invadiu o espaço urbano, no centro histórico de São Paulo, ocupando vários espaços do Museu da Cidade. O perfume do título é perfume mesmo. Uma extensa instalação de tubos de metal escovado, de 300 metros, percorre o Beco do Pinto até os centenários edifícios da Casa da Imagem e do Solar da Marquesa de Santos, invadindo cômodos daquela que foi a residência de Domitila de Castro Canto e Melo, a amante de D. Pedro I. E exalando compostos aromáticos, que vão do jasmin, rosa, alfazema e angélica até o cheiro da orgia, garante o artista. A instalação fica até o começo de fevereiro, e é uma ótima oportunidade para uma visita a esta parte do centro, para os que não costumam andar por ali.
Finalmente, quem utiliza o elevado Costa e Silva, o Minhocão, aos domingos, como espaço de lazer, vai se surpreender com uma experiência explícita de voyeurismo: o Grupo Esparrama apresenta, num apartamento do terceiro andar de um prédio da rua Amaral Gurgel, número 158, de frente para o elevado, uma intervenção cênica que será repetida, todos os domingos, deste próximo até o dia 15 de dezembro, em três diferentes horários: 10h30, 14h30 e 16h30. A distância entre a janela e o Minhocão é de cerca de 5 metros. A apresentação dura 30 minutos. Em esquetes rápidos, o grupo de atores, usando linguagem circense, música, bonecos e máscaras, interpreta cenas que as pessoas esperam ver, quando espiam pelas janelas. O grupo sabe do que fala. Vários dos atores residem no edifício há mais de 10 anos. Como o espetáculo não pretende atingir apenas o público do Minhocão, uma sinalização especial estará nas alças de acesso ao elevado, ao lado do Metrô Santa Cecília e na Rua da Consolação, que indicarão o local da apresentação. É diferente. Experimentem.