O velho mundo traz outros sonhos além dos “franceses”

O maior embaixador do vinho italiano de luxo de todos os tempos, o Piemontês Angelo Gaja

Itália – Muito requinte

Na Itália a briga para ser um “Bugatti” ou um “Ferrari” acontece também como na França, pois a disputa para ser reconhecida como a região que melhores vinhos produz fica mais acirrada entre duas regiões .  Mas mesmo assim vamos falar de 3 regiões que produzem os vinhos mais desejados e sonhados de todo o País.

O Piemonte com seus Barolos e Barbarescos e a Toscana com seus Super Toscanos e Brunellos. A 3ª região, que pode ser considerada por muitos como outsider, na produção de grandes vinhos, é o Vêneto, localizada nas cercanias de Verona. Nessa região temos como destaque os grandes Amarones e alguns tintos espetaculares, que podem ser considerados verdadeiras jóias.

Rótulo do mais desejado vinho Italiano, o Sassicaia 1985

O piemontês Ângelo Gaja tem o reconhecimento da maioria dos produtores de todo país por ter sido o peregrino que fez do vinho italiano um objeto de desejo, mas foi o Sassicaia da Toscana que começou a colocar o vinho italiano no topo do mundo. Foi o Barão Mario Incisa della Rocchetta, também um dos mais importantes criadores de cavalos puro sangue inglês (cavalos como Ribot e Nearco nasceram nas terras do Barão, que era sócio do Mago Federico Tesio, o maior criador de puro sangue inglês de todos os tempos), quem criou esse ícone italiano. Ele deu origem aos Super Toscanos, sucesso pelo mundo, principalmente nas últimas duas décadas.

Mario Incisa era amigo particular do Barão Philippe de Rosthschild, do Chateau Mouton Rothschild, com quem dividia o sucesso de seus cavalos em meados do século passado. Pois bem, o barão francês, influenciou de tal maneira Mario que esse colocou mais ênfase nas castas “francesas”, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, plantadas no século XIX em plena Toscana (Bolgheri). Della Roccheta iniciou produzindo vinhos, na época, para consumo próprio (claro que os amigos degustavam também seu poderoso tinto). O 1º Sassicaia lançado comercialmente no início da década de 70 foi o 1968.

O fenomenal Sori Tildin 1996 de Angelo Gaja

Infelizmente as safras desse novo milênio deixaram a desejar, mas com o 2004 veio para mostrar que a casa quer estar novamente entre as mais renomadas do mundo, quando o assunto são vinhos superlativos. Além do 2004 os destaques dos Sassicaia recentes são os espetaculares 1997, 1998 e 1999, um trio que pode ser considerado sem nenhuma duvida, sonhos de muito enófilos.

Angelo Gaja, o peregrino italiano, produz uma série de vinhos, mas são seus vinhos de vinhedos únicos Sori Tildin, Sori San Lorenzo, Costa Russi e Sperss, que alcançam as maiores pontuações em várias publicações sobre vinhos no mundo. O Sori Tildin 1982 é um dos maiores monumentos que já degustei da Itália. Recentemente degustei o Sori Tildin 1996, que pode ser considerado o sucessor do 1982.

Rótulo do Roberto Voerzio Barolo Cerequio 1999

Os Sori San Lorenzo e Sperss 1990 são afamados e desejados por muitos enófilos. O Costa Russi 1988 é tão maravilhoso quanto surpreendente. Dos Sassicaia o 1985 é hoje o vinho mais procurado e caro na Itália, talvez um dos maiores sonhos quando falamos de vinhos Italianos. Uma garrafa já chegou a custar mais de US$ 5 mil.

Roberto Voerzio do Piemonte com seus Barolos e Gianfranco Soldera da Toscana com seus extraordinários Brunellos são talvez as novas sensações de maior destaque nos últimos 15 anos na Itália. Os grandes destaques desses dois produtores, degustados nos últimos meses são, os profundos Roberto Voerzio Barolo Cerequio 2001 e 1999, e o extraordinário Brunello di Montalcino Intistieti 1995, sem duvida, sonhos para qualquer enófilo. Mas vem do Veneto o mais artesanal de todos os produtores italianos no momento.

O Brunello Soldera o mais completo dentre todos

Trata-se de Giuseppe Quintarelli, um mago que produz o Amarone mais espetacular dentre todos. Não contente somente com seu Amarone, que custa aqui no Brasil mais de 900 dólares a garrafa, Quintarelli produz o ícone dos ícones da Itália. O vinho chama-se Alzero e é produzido, quase sempre, em partes iguais de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Esse vinho é extraordinário e sua resistência quase infinita.

Seus taninos são de uma solidez incrível. Um vinho que pode evoluir por décadas. Especificamente provei o Alzero 1996 quando visitei o senhor Beppe (como carinhosamente é chamado Giuseppe Quintarelli) em Negrar, na grande Verona. Um vinho inesquecível que digo tranquilamente que foi um sonho de enófilo realizado.

O magnífico e longevo Alzero 1996 de Giuseppe Quintarelli

O último sonho italiano pode ser considerado uma verdadeira surpresa. É Toscano e elaborado a partir de 100% da casta Sangiovese. Só que não é um Brunello di Montalcino, não é um Chianti e também não é um Super Toscano.

Estamos falando de um Vinho Doce, de viscosidade incrível e doçura profunda, o fabuloso Vin Santo Occhio di Pernice do Produtor Avignonesi. Provei há cerca de dois meses o 1997.

Sem dúvida uma obra de arte e mais um sonho realizado. Um vinho raríssimo, muito difícil de ser encontrado, que qualquer enófilo de carteirinha merece provar um dia. Estamos falando de um vinho completamente diferente de tudo. É um vinho único. Inesquecível.

 

 

Um sonho chamado Vin Santo di Montepulciano Occhio di Pernice do Produtor Avignonesi

Península Ibérica – A todo dia mais sonhos nascem

O mítico, esplendoroso e longevo, Vega Sicilia Unico 1996

Da Espanha não há como negar a tradição do Vega Sicília, da Ribera Del Duero. São dessa propriedade que saem os melhores vinhos do Reino de Juan Carlos. A propósito a propriedade em questão produz 3 vinhos: o Vega Sicilia Único, o Vega Sicilia Valbuena 5º año e o não safrado Vega Sicilia Reserva Especial. Estamos falando de vinhos que tem a uva Tinta del Pais (como a Tempranillo é chamada na Ribera del Duero) como espinha dorsal.

Aqui podemos fazer uma pequena comparação do Único, o Top dos Vegas, com o Petrus, pois ao lado desse, talvez estejamos falando dos dois mais longevos vinhos disponíveis no mercado mundial. São vinhos que não só resistem ao tempo, mas que com o passar dos anos melhoram de maneira impressionante.

Garrafa do Reluzente Syrah Pago Garduña da Abadia Retuerta

Alguns vinhos na Espanha despontam como ícones e são sonhos de muitos, são eles: o Cirsion produzido pela Bodegas Roda na Rioja, o Alvaro Palacios L’Ermita do Priorato, o Abadia Retuerta Pago Garduña Syrah de Sardon del Duero e o caríssimo Pingus da Ribera del Duero, esse último hoje o vinho mais caro da Espanha, superando em muito o próprio Vega Sicilia. Recentemente o Bodegas Hermanos Sastre Pesus, também da Ribera del Duero, tem alcançado preços estratosféricos e já virou um grande sonho.

Desses vinhos os destaques e candidatos a sonhos de enófilos são: os Vega Sicilia Único 1990, 1994 e 1996, o Cirsion 1999, O L’Ermita 2001, o Pago Garduña 2004, o Pingus 1999 e o extraordinário Pesus 2005, talvez um dos mais profundos vinhos degustados em 2011. Um vinho com uma estrutura fabulosa e que seguramente continuará evoluindo em garrafa por mais 30/40 anos.

Garrafa do maior sonho Espanhol do Momento, o Viña Sastre Pesus

O dinamarquês Peter Sisseck, responsável pelo vinho espanhol mais caro do Momento, o Pingus

Em Portugal as jóias mais procuradas são os vinhos do Porto. As Casas Taylor’s e Graham’s produzem os mais sofisticados vinhos do Porto, só superadas por uma verdadeira preciosidade chamada Quinta do Noval Nacional.

O Porto Noval Nacional 1963 é vendido hoje em Lisboa por mais de 5 mil euros a garrafa.

O Nacional 1931 é o maior de todos os tempos e seu valor hoje é incalculável, pois existem pouquíssimas garrafas ainda disponíveis no mercado.

Tanto o Nacional 1931 quanto o 1963 são muito disputados nos leilões internacionais. Dos mais recentes o sucessor da dupla 1931 e 1963, é o Noval Nacional 1994.

O sucessor do Quinta Noval Nacional 1931, o 1994

Da Casa Taylor’s os destaques são também os Vintage 1994, além do 1992 e 2000.

Dos vinhos de mesa a tradição portuguesa vem do Barca Velha que ficou nos últimos anos no anonimato e ainda precisa mostrar o que foi, pois os Barca Velha safras 1964, 1965 e 1966 são, além de excepcionais, muito procurados e cada vez mais raros.

Dos Barca Velha mais recentes o grande candidato a sonho de enófilo é o 1999.Para enófilos não tão exigentes e que podem gastar quantias menos absurdas, Portugal, mais especificamente o Douro, tem trazido ao mercado vinhos que em curto espaço de tempo serão muito desejados mundo afora.

São eles o Quinta do Crasto Maria Teresa e Vinha da Ponte, Quinta Vale Meão, Vallado Adelaide e Reserva Field Blend, Lemos & Van Zeller Curriculum Vitae e Niepoort Charme.

O Grande e Extraordinário Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2005 e O sonho chamado Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2007

Todos esses são vinhos que já podem ser considerados sonhos de muitos enófilos, principalmente para os brasileiros, que tem um carinho especial por vinhos produzidos na terrinha.

Os destaques desses vinhos, todos vinhos recentes (não temos safras antigas) são: Crasto Maria Teresa 2003 e 2005, Crasto Vinha da Ponte 2000 e 2007, Vallado Adelaide 2005 e Field Blend 2007, Vale Meão 2003 e 2004 , Curriculum Vitae 2004 e 2008 e, por útlimo, o Charme 2005.

Um grande quarteto Português

Na semana que vem, temos mais sonhos.