Num daqueles bate papos descompromissados, que muitos chamam de “jogar conversa fora” e que, considero absolutamente dentro, sempre que se discute sem pressões ou mesmo, utilidade, atitudes do homem que se registram e confirmam, saiu a questão.

Alguém falou de um irmão, hoje milionário muitas vezes, entre variados empreendimentos, que começou do zero, já que a família era muito pobre e humilde e os pais precisaram que os filhos mais velhos ajudassem a manter a casa e garantir a sobrevivência dos irmãos mais novos, oito ao todo e o pai, numa altura, ficou desempregado.

Da penúria ao ápice financeiro mesmo sem ter estudado, o cara lutou muito, batalhou e hoje, aos 65 ainda se esforça barbaramente para acrescentar ao patrimônio. O que merece todos os cumprimentos pela garra, é claro.

Mas, segundo o irmão (não o conheço), o empresário mantém uma ambição desmedida e acaba vivendo como pobre, já que não se permite a certos confortos, como viajar de classe executiva ou mesmo, primeira classe ou se hospedar em hotéis 5 estrelas. Isso, quando aceita viajar, em apelos quase fechados da família. Só troca carro a cada sete anos e obriga os filhos a agir igual. E automóvel de luxo, nem pensar. Seu prazer é ganhar dinheiro.

Em seguida, uma senhora relatou o oposto, de seu próprio filho, um perdulário daqueles, batendo no irresponsável, que ganha fortunas e gasta tudo em requintes e caprichos, como jatinhos, iate e jóias caríssimas, tanto para a esposa como para a…companheira extra, digamos assim. Estragando os filhos com mesadas altíssimas, a ponto de perderem a exigência e o pique de conseguir por si. Lógico, quando tudo vem fácil, mata-se o estímulo da conquista.

Fui para casa pensando em como é difícil conseguir um equilíbrio no universo material, no mundanismo. Como não se tornar escravo do dinheiro, um avaro, sem com isso se fazer um pródigo, incapaz de manter certo controle.

E avaliei o que em comportamento, chamamos de padrão limite, que vai do filosófico ao econômico, no melhor estilo Adam Smith, o grande mestre.

Padrão limite é justamente se conseguir enxergar o paralelo entre nossas necessidades em contraponto aos prazeres, entre o importante de se adquirir ou usufruir e o supérfluo, na tentativa de usar bem o dinheiro, para se permitir e não se condicionar àquele terrível “o prazer dele é ver a conta alta no banco ou nos investimentos”.

Mas também não desperdiçar ou não cultivar a mínima segurança para o futuro. A avareza é medonha; a prodigalidade, inconseqüente. A generosidade, o bom senso.

Uma questão preciosa no tal Padrão Limite: a certeza de que quando se atinge um patamar de conforto, por mais que seja pessoal, não há porque exceder. O que preciso mais do que tenho, no cotidiano? O que um bilionário faz de tão mais do que faço materialmente em termos de satisfação material?

A ponto de perturbar a mente e sufocar o espírito? Como é bom colocar as coisas no seu lugar devido. Curtindo o bom da existência e se desapegando dos pesos das supraexigências e assim, louvando a vida.

 

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