Alguém se sente muito ofendida porque um trabalho seu foi considerado medíocre por quem analisou e afirma que não perdoará o amigo por usar essa expressão para uma tese sua, por mais que ela tenha pedido sinceridade e ainda que, segundo enfatizou-me, isso tenha sido falado de forma educada e num tom quase carinhoso.

Não é a primeira e com certeza, não será a última vez que abordaremos a mediocridade aqui, até porque ela faz parte do nosso cotidiano e de algumas de nossas atitudes existenciais.

Lógico que não é agradável ouvir; caso alguém diga que uma crônica minha é medíocre, creio não mais me sentir ofendido como a jovem jornalista, mas, com certeza não vou gostar, ainda que não possa catalogar como ofensa pessoal, ainda mais se solicitada a opinião. Do contrário, seria invasão, grosseria.

Na verdade quando qualificamos algo de medíocre, não estamos ofendendo e nem humilhando, mas dando uma nota, um critério, digamos assim. Medíocre é o mediano, o que fica entre o baixo e o suficiente, o que não se destaca, não inova, não transforma e muito menos introduz pela criatividade, brilho, talento.

Por outro lado, a face da mediocridade se faz ver quando pensamos nas circunstâncias apenas em nome do que nos será conveniente e não visando o todo, o amplo, o que pode envolver. Hoje até chego a dar risada de mim mesmo, quando opino ou critico, apenas em meu próprio benefício. Nessas horas, o Eu afirma ao Luiz “como você está sendo medíocre”, sem criticas ou tiranias, apenas numa visão consciente por essa média atitude.

Em muitas atividades ou desempenhos, podemos ser medíocres sem sermos ruins, fracassados, nulos, por favor. Avaliando os poucos anos em que advoguei, olhando lá atrás, enxergo-me um profissional que foi medíocre. Perdi causas? Errei em relação a clientes? Juro que não e se perdi alguma, não me lembro, sinceramente. Mas nunca inovei, jamais fiz uma defesa brilhante ou algo que me orgulhasse nos meandros e brechas do Direito. Simplesmente porque não gostava de advogar e nunca tive qualquer entusiasmo em exercer.

A mediocridade não é negativa, feia, vil, por favor! Nem mesmo burra ou limítrofe, é apenas média. Seu mal é quando as pessoas fazem dela sua constância em comportamento ou atitude existencial. Trata-se de não buscar o novo, não desenvolver criatividade, não movimentar novos princípios, não formar argumentos fascinantes, não deixar que o homem veja a potência e se acomode nos padrões propostos.

A acomodação conduz ao medíocre, o objetivo apenas conveniente, também. Achar que consegue enganar os outros e levar vantagem em tudo pode ser um de seus ápices. Não equilibrar hábito com interesse e assim deixar os quadros mentais repetirem o conhecido, as mesmas frases, palavras e ordens, é fatal.

Achar que já sabe o suficiente ou que não está mais na idade de conhecer, reconhecer, estudar é bem mediano. Assim como viver sem paixão, sem entusiasmo, sem entregas; olhar para tudo com a visão sem brilho ou vontade do inédito.

Empurrar com a barriga, assistir sem participar sempre, deixar como está para ver como é que fica, afirmar que em time que está ganhando não se mexe, que se ficar melhor, estraga ou tenho que salvar o meu, os outros que se virem, são rótulos perfeitos de mediocridade.

 

Quote paisagem outono lifestyle