Patrimônio Mundial, o Château de Chambord brilha ainda mais pela genialidade de Da Vinci 
Por Anna Beatriz Barros

A França é um país que encanta qualquer visitante, por suas cidades belíssimas, paisagens, gastronomia, arte, cultura e história inigualáveis. Difícil eleger uma região para conhecer (ou retornar) , mas se isso for imperativo, uma ótima escolha para incluir no roteiro é o famosíssimo Vale do Loire, que jamais decepciona: ali o viajante não tem opção a não ser se deslumbrar com a incrível coleção de castelos de sonho, só que bem reais.

Conhecida também como o Jardim da França, essa região banhada principalmente pelo rio Loire oferece a oportunidade de explorar cidades históricas, provar excelentes vinhos e visitar vários dos inúmeros palácios da época renascentista. Um dos obrigatórios, o Château de Chambord, além de tirar o fôlego de turistas, ainda reserva atrativo extra, principalmente para arquitetos ou amantes de arquitetura.

Construído por ordem do rei François I, entre 1519 e 1547, Chambord é o maior de todos os Châteaux do Loire – 426 cômodos, 77 escadas, 282 chaminés, 800 cúpulas esculpidas e o maior parque florestal fechado da Europa até hoje  –  e permite apreciar uma obra de ninguém menos que Leonoardo Da Vinci. Embora haja controvérsia a respeito, a história praticamente estabelecida dá conta de que, atendendo a um pedido do rei, o artista, inventor e arquiteto desenhou a escadaria principal da gigantesca estrutura concebida para ser um refúgio de caça para o monarca.

Nota-se nos ornamentos das abóbadas a presença do “F”, monograma de François I e seu emblema, uma salamandra esculpida

A beleza e genialidade da escada criada por Da Vinci se revelam na percepção de que duas escadas entrelaçadas dão acesso a um mesmo pavimento, mas não se encontram. Originalmente circular, com um vazio em seu centro, esse design é utilizado até hoje em edifícios modernos, onde são necessárias tanto uma quantidade maior de escadas quanto a economia e otimização de espaço.

Sem dúvida a magnitude do château foi brilhantemente ampliada pela famosa escada aberta em hélice dupla, distribuída ao longo do típico caráter de uma fortaleza que conjuga os elementos medievais e renascentistas do castelo.

O telhado assimétrico de Chambord, formado por torres e chaminés de diferentes alturas e desenhos, apresenta uma silhueta singular que, acredita-se, foi assim criada  para remeter ao “skyline” de uma cidade. Quanto a qual seria ela, há a corrente que identifica  semelhanças com o Norte da Itália e as obras do próprio Leonardo da Vinci. De outro lado, a referência teria sido Constantinopla, diante de um pedido específico de François I.

De qualquer forma, a concepção ajudou a dar personalidade única a Chambord. Desde 1981 o inusitado Château é considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO e atração imperdível, como comprova a fama, mais que merecida.

Fotos (de cima para baixo): Lieven Smits/Wikimedia Commons; Anna Beatriz Barros; Patrick Giraud (Calips)/Wikimedia Commons; Eric Isselée/Reprodução folder; Anna Beatriz Barros (vão e torre); ilustração: perfil de torres e chaminés de Chambord