Karina Fonseca de Almeida

Fico muito feliz em escrever essa primeira coluna no PPOW. Esse é um espaço que preciso para a troca de ideias sobre cinema e pretendo usá-lo não só para comentar os lançamentos da semana, mas também falar sobre clássicos, curiosidades, e todo o universo cinematográfico.

Inaugurando essa primeira coluna, gostaria de falar de um filme que deve estrear em breve, trata-se do francês MicMacs – Um Sonho complicado de Jean Pierre Jeunet. O criador de Amelie Poulain (2001) e Delicatessen (1998) é considerado pela crítica especializada como um cineasta lúdico, dono de uma poesia muitas vezes delirante. Ele sabe como poucos criar universos coloridos em seus filmes e em MicMacs ele inova mais uma vez e abusa dos tons de amarelo e sépia para compor o universo excêntrico dos personagens.

Bazil, o protagonista interpretado por Dany Boom, não tem muita sorte com armas.  Depois de um acidente em uma mina no Marrocos e de ficar com uma bala alojada na cabeça, ele decide se vingar dos fabricantes de armas de Paris. Ele é ajudado por um grupo de sucateiros que vivem em uma espécie de galpão para onde levam todo tipo de ‘tralha’ recolhida aqui e ali, que eles reciclam e transformam em uma infinidade de objetos peculiares. Os personagens são engraçados, ricos em suas composições. São muitas as gags e as piadas ao longo do filme.

A exemplo de Amelie Poulain, Jeunet transporta para a tela uma Paris mitológica, de pontes, estações de trem, metro, telhados e mais uma vez uma forte presença do bairro de Montmartre com seu Moulin rouge e seu café Les deux moulins (o mesmo onde Amelie trabalhava).

O filme foi bem recebido pela crítica francesa. Com um roteiro original, muita criatividade, personagens de humor afiado, boas interpretações e um bom ritmo, Jeunet conseguiu mais uma vez criar um filme irónico e ao mesmo tempo sensível, com um humor ingénuo mas não infantil.

Sobre Karina Fonseca de Almeida

Após formar-se em publicidade e propaganda, Karina resolveu corrigir “a rota” de sua carreira profissional e dedicar-se a sua verdadeira paixão: o cinema. Fez um curso de pós-graduação em Critica de Cinema, na FAAP-SP e tornou-se mestre em Cinema e Audiovisual pela Universidade Paris I – Sorbonne. Atualmente mora em Paris, onde pode aproveitar ao máximo seu vicio pela patisserie francesa.

Esse é um espaço para a troca de ideias sobre cinema, não só para comentar os lançamentos da semana, mas também falar sobre clássicos, curiosidades e todo o universo cinematográfico.

Um filme preferido: A regra do jogo (1939) Jean Renoir.