“Sim senhor, o Tio Sam está abrindo as portas”

nova bandeira americana

Essa semana, por voto popular, foi decidido que americanos poderão em breve plantar tranquilamente um pezinho de Cannabis logo ao lado da Casa Branca. O maior responsável pelo financiamento e endurecimento da guerra contra as drogas nas últimas décadas está caminhando a passos largos para esse avanço inevitável no mundo. Parabéns!! São agora 4 estados mais a capital com o consumo para fins recreativos permitido e 23 onde o uso com fins medicinais é legal.  Contribuição peso pesado.

 

A sociedade de modo geral não se dá conta da imensa hipocrisia que é a proibição da maconha, ou muito pior, a criminalização de quem faz uso dela.  Valores culturais depois de um tempo todo mundo acha que “sempre foi assim”, nem se sabe onde e quando começaram. As pessoas abraçam o discurso sem jamais ter parado, despidas de pré-conceitos, para refletir porque as coisas são como são.

 

Eu já tentei, mas não consegui compreender porque o camarada pode encher a cara de cerveja em público, mas tem que buscar as sombras pra fumar um cigarrinho de maconha.  Tampouco encontro explicação razoável para entender porque pai e mãe podem passar o dia na praia tomando caipirinha na frente das crianças sem constrangimento, mas se sentem obrigados a dizer a elas que a maconha é coisa do capeta.

 

Faz mal pra saúde? Obviamente, assim como a cachaça. Pode se tornar um vício? Claro que sim, porém não mais do que o whiskynho pra relaxar no fim do dia. É a porta de entrada para outras drogas? Nada além da porteira que algumas doses de vodka com energético podem abrir em um festival eletrônico.  Um consumidor excessivo pode se tornar um estorvo social? Sem dúvida, mas quem não conhece ao menos uma família desintegrada por problemas crônicos de alcoolismo?

 

A questão mais importante talvez seja: Até que ponto, como e quando, o Estado deve interfirir no consumo de substâncias que causam algum tipo de malefício sobre o corpo e a mente humana? Mais simples assumir que sempre foi assim e pronto, pensar muito incomoda.

 

O debate é amplo, tem gente séria discutindo o assunto. Temos o Mujica, aqui pertinho! O uruguaio é corajoso e não teve medo de tocar em frente temas altamente polêmicos e indigestos para o conservadorismo geral ainda tão influenciado pela religiosidade inflexível.  Holanda, Alemanha, Espanha, Portugal, Austrália, Canadá, Israel, todos, em maior ou menor nível, quebraram barreiras e vem adotando abordagens mais racionais e inteligentes. Por aqui ainda temos que escutar o Levy Fidélix e o Eymael… mas temos também um ex-presidente pregando o debate aberto. Não enxerga quem não quer, a cruzada para impedir a modernização dos conceitos está perdida, mais cedo ou mais tarde.

 

Ainda vou ver um Cannabis Gourmet, chic, no Brasil, cheio de gente entrando para tomar um cafezinho e provar alguma nova variedade exótica ou um orgânico com selo do IBD e tudo mais.