Expoentes do design do século 20, modernas para sempre    

Cadeiras, como objetos-síntese do mobiliário, sempre refletiram hábitos, costumes, culturas, períodos, movimentos artísticos, lugares. Mas algumas, especialmente as criadas na primeira metade do século 20, parecem deter o tempo em suas formas e diluir qualquer limite entre função prática e obra de arte atemporal, mantendo intacto o frescor de suas linhas e, assim, tornando-se “modernas para sempre”.

Representantes da Era da Máquina, do início da industrialização e da produção em massa, da escassez de materiais em tempos de guerra, da ruptura com antigos parâmetros estéticos, da inquietude que alimentou o modernismo na arquitetura, da velocidade crescente com que passaram a ocorrer as mudanças culturais e tecnológicas a partir de então, as cadeiras do período – principalmente as originadas do movimento holandês De Stijl (O Estilo) e da escola alemã Bauhaus – se impõem na história do mobiliário, exercendo com seu refinado design permanente influência, como ícones incontestes do bom gosto na decoração.

Cadeira Vermelha e Azul – 1918
Design: Gerrit Thomas Rietveld
Criada como uma composição abstrata de linhas e superfícies, a cadeira ganhou cores primárias em 1921, em homenagem às pinturas de Piet Mondrian, amigo do arquiteto holandês, ambos líderes do movimento De Stijl, que propunha uma nova visão de vida moderna, sem lugar para ornamentação desnecessária.

Cadeira Wassily – 1925
Design: Marcel Breuer
A cadeira de metal e tiras de couro marca a introdução do tubo de aço na confecção de móveis residenciais. O exemplar, de inusitado apelo industrial para a época, é um símbolo da escola alemã Bauhaus (que existiu de 1919 a 1933) e do conceito de reduzir a peça ao essencial, a fim de expressar o jeito moderno de morar.

Chaise Longue Le Corbusier – 1928
Design: Le Corbusier, Pierre Jeanneret, Charlotte Perriand
O trio assumiu influências do Art Déco e das daybeds francesas do século 18, permitindo-se um design moderno, porém adornado com curvas graciosas nesta criação versátil, que tem base de madeira, onde o arco de metal se apóia e permite várias inclinações. Versões com revestimento em pele de vaca e couro negro se tornaram mais populares que o original, em tecido.

Cadeira Barcelona – 1929
Design: Mies van der Rohe, Lilly Reich
A imponente cadeira criada para decorar o pavilhão alemão na Exposição Universal de 1929, em Barcelona, ganhou o nome da cidade e inspiração em modelos históricos. Tiras de aço cromado formam o elegante e suave desenho dos pés cruzados, em clara referência a antigas cadeiras dobráveis e bancos usados como tronos de faraós egípcios, deuses gregos e magistrados romanos. Revestimento de couro trabalhado em capitonê.Cadeira Zig-Zag – 1932
Design: Gerrit Thomas Rietveld
Numa formulação tão simples quanto radical, o design desta cadeira partiu da postura humana ao sentar. Enquanto a forma desafia a percepção visual de sustentação, junções e apoios firmemente fixados permitem o uso seguro e confortável da cadeira, descrita pelo autor como “uma brincadeira de designer”.Cadeira Borboleta – 1938
Design: Antonio Bonet, Jorge Ferrari Hardoy e Juan Kurchan
Inspirada em antigas camp chairs dobráveis com estrutura de madeira, o modelo criado pelos designers argentinos (discípulos de Le Corbusier) substitui o material por duas elegantes voltas de tubo de aço que se entrelaçam e apóiam capa de couro ou tecido. O visual leve não deixa dúvidas sobre o conforto que proporciona.

La Chaise – 1948
Design: Charles e Ray Eames
Inscrita no concurso “Design de Mobiliário de Baixo Custo”, promovido pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, como incentivo à produção industrial no Pós-Guerra, a escultural cadeira não levou o prêmio, mas ganhou toda a notoriedade. Para criá-la, o casal de designers optou pela fibra de vidro moldada numa forma orgânica e fluída, tendo como referência a pintura “Atavistic Ruins”, de Salvador Dalí, e a escultura “Floating Figure”, de Gaston Lachaise, de onde derivou seu nome.

Cadeira Diamante – 1952-53
Design: Harry Bertoia
O escultor italiano radicado nos Estados Unidos criou uma linha completa de “peças para sentar”, segundo o conceito de “esculturas de luz, feitas principalmente de ar”. Neste modelo, a rede aramada tem a forma de um diamante e se acomoda sobre a base de ferro que a mantém no alto, como seria o próprio engaste de uma pedra preciosa.

Fotos: Reprodução
Referências : “100 Masterpieces from Vitra Design Museum”, “Art Deco Furniture” (A. Duncan), “An Encyclopedia of Chairs” (Simon Yates).