A região do Douro no Norte de Portugal é a nova sensação nos vinhos de mesa

O visionário Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido como Marquês de Pombal, criou a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em 10 de setembro de 1756. Essa região ao lado do Chianti na Toscana/Itália e da Tokay na Hungria são as 3 mais antigas regiões vitivinicolas demarcadas do planeta.

Quinta do Crasto com o rio Douro ao fundo

Essa região demarcada tem como viga mestra o Rio Douro e seus afluentes e é uma das mais impactantes, formosas e encantadoras do mundo. Antes dedicada a produzir uvas que quase em sua totalidade eram direcionadas à produção do vinho generoso (ou fortificado) mais famoso do Planeta, o Vinho do Porto, vem se mostrando também muito hábil em produzir excepcionais vinhos de mesa, tanto brancos como tintos, obviamente com mais destaques para esses últimos.

Vista superior da Quinta do Crasto com a vinha Maria Teresa à esquerda

Na última semana de setembro tive a oportunidade de fazer mais uma visita a essa região que além da mudança de sua especialidade no tipo de vinho, vem desenvolvendo sobremaneira o enoturismo. Magníficas vinhas, lindas pousadas, excelentes restaurantes e o Rio Douro para poder passear de barco ou de lancha, estão entre os destaques ao lado de excepcionais vinhos de mesa que a região vem produzindo, com mais ênfase, nos últimos anos. Me lembro de minha 1ª viagem a região no ano 2000, onde os vinhos de mesa ainda eram somente promessa. Em 10 anos os vinhos, principalmente os tintos da região, estão já em nível de classe mundial. São suculentos, saborosos, encorpados e com muita presença. Os melhores são os produzidos a partir de vinhas velhas, normalmente uma miscelânea de castas, com destaque para a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Sousão, dentre outras. Alguns varietais dessas uvas também vêm fazendo muito sucesso mundo afora. De todas as castas, a indígena e autóctone de Portugal, a Touriga Nacional, produz vinhos de extrema sensualidade e com um perfume único.

Maria Teresa com suas vinhas centenárias

A alegria não poderia ter sido maior nessa viagem, pois além da visita à região em si, a mesma aconteceu em plena colheita. A pisa das uvas realizada pelo ser humano é uma tradição e ao mesmo tempo um segredo dos grandes vinhos. Tive o prazer de fazer a pisa mais uma vez. Uma sensação única, que um apaixonado por  vinho tem que fazer ao menos uma vez na vida.

Pisa na Quinta do Crasto

Na Quinta do Crasto (uma das mais belas vistas do Rio Douro que se pode ter) onde fiquei hospedado e fiz a pisa, provamos uma série de vinhos, mas o mais interessante foi poder comprovar como esses vinhos evoluem com o passar do tempo. Nosso host o enérgico e incansável Tomás Roquete, filho do proprietário da Quinta, nos propiciou uma degustação vertical incrível do vinho que vem se consagrando como um dos mais consistentes e fabulosos de Portugal nos últimos anos, o Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas.

O pai, Jorge e os dois filhos Tomás – em pé – e Miguel sentado

Caixa do vinho Reserva Vinhas Velhas

Provamos o 1º que foi o da safra 1994, o 1999, o 2003, o 2006 e por último o recém lançado 2008. O 1994 foi a prova que os vinhos da região tem muita vida pela frente. Estava fino, agradável e ainda com muita vida. O 1999 foi o meu favorito, pois seu caráter mineral, floral e a fruta estavam plenos. O 2008 que acaba de chegar ao Brasil estava reluzente, firme e com muita expressão. Vale ressaltar que na safra 2008 não foram produzidos os vinhos TOP da casa, os espetaculares Vinha Maria Teresa e Vinha da Ponte, e com isso, as uvas oriundas dessas vinhas centenárias, estão na composição do Vinhas Velhas 2008. Já que falamos dos vinhos TOP dessa Casa é obrigação minha descrever a alegria que foi provar um Maria Teresa antigo e o mais novo Vinha da Ponte. Estou falando do 1998 e o 2007, respectivamente. Do 1º é reafirmar que o caráter, a potência e o equilíbrio estavam todos à mesa e com relação ao 2º, não há como deixar de afirmar que a família Roquete conseguiu fazer um vinho no mesmo nível, ou talvez superior, ao Vinha da Ponte 2000, esse o vinho mais espetacular que já provei da terra do Marquês de Pombal.

Enólogos Dominic Morris, Tomás Roquete e Manuel Lobo

Piscina da Quinta do Crasto com borda infinita e vista para o Douro

Nas próximas semanas teremos mais dicas do Douro e depois terminamos nossa viagem no Alentejo, a região que rivaliza com o Douro, como a que mais vinhos espetaculares produz em Portugal.

Vista superior da Quinta do Crasto com o rio Douro ao fundo

Sobre Luiz Gastão

Luiz Gastão Bolonhez é engenheiro mecânico formado no Instituto Mauá de Tecnologia em São Paulo. Desde 1985 é apaixonado por vinhos e de lá para cá tem sido estudioso e pesquisador do assunto. Durante seus 11 anos na IBM Brasil fazia no intervalo das viagens a trabalho visitas a vinícolas nos países que estava. Foi nesse período, por exemplo, que esteve mais de 10 vezes só no Napa Valley, Califórnia. De 2000 a 2004 fez um intervalo na sua carreira na indústria da tecnologia e trabalhou como diretor da divisão de vinhos, marketing e vendas de uma das maiores importadoras do País. Foi quando visitou as principais Feiras do mundo em busca dos melhores vinhos para o portfólio da importadora. Entre elas a London International Wine Fair, Vinexpo (Bordeaux), VinItaly (Verona) e Pro Wein (Dusseldorf). Além disso, conheceu e visitou produtores de quase todas as regiões produtoras de vinhos do Planeta. De 2004 a 2008 foi colunista da versão Brasileira da Revista Forbes, que encerrou suas atividades no Brasil nesse mesmo ano.

Atualmente é Vice Presidente do Mercado Eletrônico, editor de vinhos da Revista Adega e colunista de vinhos do site PPOW.

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