Esses dias um funcionário das Relações Exteriores de Israel disse que nós somos um anão diplomático.

Eu achei uma injustiça com os anões porque os anões podem ser inteligentes, portanto melhor seria nos chamar talvez de anta diplomática. As antas não devem se incomodar com a comparação.

No caso específico de Israel e os recentes trágicos episódios, obviamente não poderíamos condená-los sem condenar igualmente as atitudes perturbadoras do Hamas. O que pretendeu a turminha orelhuda do Itamaraty? Para não voltar até a Idade Antiga, onde essa história complicadíssima começa, ao menos temos que avaliar direito o século XX, onde a situação política insustentável atual foi forjada. Os judeus foram hostilizados no mundo por pelo menos 2.000 anos, conseguiram de forma improvável e impressionante se manter unidos sem uma pátria por todo esse tempo, conseguiram finalmente seu pedacinho sagrado de terra e agora não querem dividir nem a pau. Os palestinos da minúscula Faixa de Gaza, que também tem suas raízes históricas por lá, estão hoje tecnicamente sitiados, miseráveis, subjugados e sem qualquer possibilidade de prosperar da forma em que a coisa se encontra. Bronca certa, lógico. E o que é que nós estamos fazendo dando palpite errado nesse caos? Seja justo, não seja tolo. Apenas um adjetivo foi capaz de escancarar nossa irrelevância no campo da política internacional.

Um pouco antes, na esteira da “Copa das Copas”, sediamos a reunião dos BRICs. Ohhh, que bom. A parte mais vanguardista e civilizada do mundo em franco movimento para isolar a Rússia por suas atitudes totalitaristas na Ucrânia e nós aqui oferecendo o palco para Putin, um dos caras mais sinistros da atualidade. E com quem mais, China, Índia e África do Sul? São mercados potencialmente gigantes para nós e queremos sim o bom relacionamento com eles, mas quem pode acreditar que esse grupo, metade dele anti-democrático pode um dia ser coeso? Fazer isso em detrimento de melhores relações com quem mais teria a nos oferecer é um desastre.

Os americanos no pós-guerra barbarizaram um tanto por aí, apoiaram ditaduras sanguinárias na sua luta para deter o comunismo e os soviéticos. Deixaram os seus nobres valores dentro de casa e conquistaram com louvor uma legião de inimizades. E a nossa querida elite governante entre eles. O ranço nunca terminará, suas visões um dia ideologicamente justas foram turvadas para sempre pela cegueira vermelha de suas mentes. Melhor se alinhar com a Venezuela do falecido grande comandante bolivariano Chavez, ou com a dinastia argentina dos Kishner, ou com o cocaleiro boliviano Morales. O que dizer então do mestre inspirador de todos, o genial Fidel Castro e seu querido irmão mais novo, os donos de Cuba? Isso tudo aqui pertinho. Mas o braço é longo, arrumamos também um outro amigo muito legal e querido no mundo, o Irã! Quem sabe ainda não conseguimos trazer para passear aqui aquele camarada bacana da Coréia do Norte e de quebra fechamos um acordaço bilateral? Deixe os americanos, ingleses, alemães, franceses e japoneses pra lá, já estão muito batidos, vamos inovar!

E pensar que outro dia a nossa chefona estava dando aula pra Merkel……………..

…não sabe nada aquela alemoa!

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Anão Diplomático

Giancarlo 14

Diga-me com quem andas

Imagens: Reprodução