Como última postura da série inversa temos a Sirshasana, ou o pouso sobre a cabeça
Este é considerado um ásana poderoso e possui um efeito sobre o corpo por inteiro. A palavra sânscrita Sirsha significa cabeça.

Embora para os iniciantes ela seja um desafio, a postura se transforma em uma conquista com o esforço adquirido para sua completa atuação. A força e a concentração requeridas pela postura não se adquire de um dia para o outro. É preciso práticar constantemente para fortalecer o corpo e prepará-lo. Os ombros e a parte alta das costas fazem a maior parte do trabalho neste ásana. Nas posturas em pé mantemos o peso do corpo pela pelve e os grandes ossos das pernas. No pouso, entretanto, nosso corpo é mantido pelo conjunto do trapézio nas costas e braços. Mantendo um alinhamento dessas estruturas consegue-se liberar o peso do pescoço.

O mestra Iyengar, em seu livro Light On Yoga, cita uma interessante conexão entre a postura e o ser humano: “Quando nascemos, normalmente a cabeça vem primeiro, depois vêm os ombros e tronco. O cérebro, que controla o sistema nervoso e os órgãos dos sentidos, é a sede da inteligência, conhecimento e discriminação, sabedoria e poder. É a sede de Brahman, a alma.”

Efeitos e benefícios
Melhora a circulação das células cerebrais, rejuvenescendo-as e tornando nossos pensamentos claros e alertas. Ele é também um tônico para as pessoas depressivas e preguiçosas, provendo sangue para as glândulas pituitária e pineal. Nosso crescimento, saúde e vitalidade depende dessas duas glândulas.
Pessoas que sofrem de insônia, perda de memória, melhoram sensívelmente com a prática. Os pulmões se beneficiam desenvolvendo resistência imunológica a doenças do trato respiratório. Mantém o corpo aquecido. Aumenta a pressão sanguínea no cérebro e coração. Pela sua inversão produz um efeito de limpeza e é curador. A prática regular fortalece o tronco e partes superiores do corpo.

Contraindicação
Mulheres no período menstrual, pessoas que sofrem de enxaqueca, pressão arterial alta, glaucoma, pressão nos olhos e problemas nos ouvidos, espondilose cervical.

O mais importante ao se praticar esta e qualquer outra postura é, antes de tudo, ter conhecimento dos limites do corpo. Descobrir que o Yoga é antes de tudo uma descoberta do Self (si mesmo), em que nosso Ego tenta sempre nos desviar do nosso propósito. Ter humildade em toda prática, paciência e persistência. Lembrar que em cada uma de todas as posturas existe uma interligação que prepara o corpo para posturas mais avançadas; portanto, nada deve ser menosprezado, nem mesmo o menor dos movimentos.

Lembrar sempre que, para um trabalho seguro, pleno e benéfico, o acompanhamento de pessoas abalizadas e conhecedoras do assunto é a melhor forma de realização do mesmo. Definitivamente, não se deve tentar fazer esta postura sozinho, achando que se trata somente de colocar o corpo para cima de ponta cabeça.

Preparação do ásana
Coloque um cobertor dobrado contra uma parede. Ajoelhe-se de frente com os seus joelhos e pés juntos. Entrelaçar os dedos firmemente. Os cotovelos na largura dos ombros e pulsos perpendiculares ao chão.
Seus pulsos, antebraços e cotovelos formam assim a base da estrutura de apoio do ásana. Alongue o pescoço e coloque o topo de sua cabeça no cobertor. Pressione seus antebraços contra o chão e eleve seus ombros afastando-os do chão. Manter essa ação durante todo o ásana. Caminhe com as pernas até o ponto em que sentir segurança para subir contra a parede. Alongar as pernas e o tronco para cima. Manter a respiração suave. Para desmanchar, descer uma perna de cada vez e permanecer por um breve período na postura da Folha dobrada (Darmikásana), com a cabeça baixa e os quadris repousando sobre os pés.

Existem várias etapas que podem ser treinadas uma a uma até se chegar à postura completa, com muito cuidado para não machucar o corpo.

Fontes:
Luz da Yoga, B. K. S. Iyengar
O livro da mulher – Yoga e Saúde, Patricia Walden
Yogaterapia e Saúde, Nilda Fernandes

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