Artista que gravou com alguns dos maiores nomes da música mundial fala com o PPOW!

Grecco Buratto (Foto: Divulgação)

O cantor, compositor e guitarrista Grecco Buratto nasceu e cresceu no Rio Grande do Sul. Começou a estudar violão aos 8 anos de idade e aos 18 mudou-se para Los Angeles, Califórnia, onde cursou o Musicians Institute.

Em sua trajetória profissional, Grecco gravou com alguns dos maiores nomes da música mundial, entre eles Earth Wind and Fire, Pink, Macy Gray, Dionne Warwick,Cristina Aguilera e George Duke . Acompanhou astros internacionais como k.d. lang, Enrique Iglesias, Anastacia , Andrea Bocelli e Mandy Moore e lendas do jazz como Sergio Mendes , Airto Moreira e Flora Purim. Escreveu musica para seriados de TV (Dawson’s Creek , Jack and Bobby ,Everwood and Brothers and Sisters) e gravou trilhas sonoras para cinema (Miami Vice, RV, Woman On Top). Atualmente acompanha Shakira em sua turnê mundial Sale El Sol.

Junto com os produtores Marconi de Morais, Sandro Feliciano e o engenheiro ganhador de 10 Grammy’s Benny Faccone, Grecco iniciou a gravação de seu primeiro CD solo. Com sessões realizadas em Los Angeles, Nova Iorque e Paris, o álbum é uma coletânea de canções que exploram as questões existenciais de todo o ser humano.

Tendo como influências a poesia de Chico Buarque e Jorge Drexler, a melodia de Tom Jobim, a entrega de Caetano Veloso e a subversidade de Lenine, Tom Zé e Radiohead a sonoridade do trabalho transita por diversos estilos de música, da bossa nova ao rock, do funk ao xote, da chanson ao pop sempre mantendo em primeiro plano a elegância e o lirismo das composições.

Grecco tem realizado apresentações em palcos ao redor do mundo incluindo Londres, Tóquio (com o pintor e artista plástico S.U.S.H.) Paris e Brasil, e mais recentemente, no Carnegie Hall, com a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade. Grecco participou também do Festival de Música Independente South By Southwest na cidade de Austin, Texas.

Confira a entrevista que Grecco Buratto concedeu ao PPOW:

 

Shakira e Grecco Buratto (Foto: Divulgação)

Sua experiência profissional demonstra que já fez grandes realizações. Qual foi o trabalho mais desafiador e enriquecedor?

Acho que todo trabalho tem algo desafiador e ao mesmo tempo enriquecedor. E muitas vezes o enriquecimento pessoal acontece pelo próprio fato de existir um desafio, algo que nos coloque fora da nossa zona de conforto. Acredito que cada um de nós tem os desafios que estamos aptos a superar e com isso aprender, portanto os vejo como oportunidades para se crescer e aprender. Sendo mais específico, acho que trabalhar com a k.d. lang foi algo super enriquecedor em termos pessoais, musicais e artísticos. Meu desafio diário era estar o mais presente possível na hora de tocar e também ter como motivação uma conexão espiritual com a música, banda e  plateia porque esse era o exemplo que ela nos dava. Era música além da música, arte além da arte. E isso ultrapassa os limites do trabalho e passa a ser um modo vida.

Já com a Shakira o desafio é encontrar essa conexão,  já que se trata de um universo diferente, o universo da música pop, do super estrelato, do entretenimento onde tudo é muito rápido e efêmero. É procurar descobrir a  minha função, meu propósito dentro desse ambiente. E poder proporcionar ao público que assiste ao show uma experiência em que estamos conectados através da música.

Em qual momento da sua vida surgiu a oportunidade para dar o passo profissionalizante? Qual a dica que você daria para jovens músicos que desejam ingressar nessa área aqui no Brasil?

Me lembro de estar trabalhando em uma galeria da arte em Los Angeles onde eu fazia de tudo: pintava parede, consertava o telhado, limpava o pátio para alguma recepção… Nos fins de semana, tocava em uma igreja em South Central, que era um bairro predominantemente negro em Los Angeles. Em um concerto organizado pela igreja, conheci uma guitarrista chamada Bibi McGill que hoje é a diretora musical da Beyoncé. Após o show ficamos conversando e ela me falou que se eu me colocasse a disposição do trabalho, ele apareceria. Fiz exatamente isso e na semana seguinte pedi demissão na galeria de arte. Na mesma semana recebi um aumento de salário na igreja e pude então começar a trabalhar só com música.

Não estou muito por dentro do mercado de trabalho no Brasil, mas posso dizer que sou a prova de que quando se tem um sonho, é possível realizá-lo. A primeira coisa que acho necessária é a atitude de que a música é uma profissão como qualquer outra. Tem que trabalhar bastante, estudar muito, dedicar-se diariamente e estar disposto a enfrentar o que vier pela frente. Ou seja, é preciso levar a sério, chegar na hora, estar preparado tecnicamente e também fisica e mentalmente. Ser uma pessoa fácil de conviver, respeitando os outros, procurando entender que estamos todos conectados a esse poder incrível que é a música e o que ela é capaz de fazer.

Grecco Buratto (Foto: Divulgação)

A indústria fonográfica passou por um período de fortes adaptações com o universo online. Qual a sua visão em relação a essas mudanças? Foram positivas para os músicos?

Acho que esse período ainda não acabou e vamos ver muita coisa acontecer. O modelo de negócios das grandes gravadoras vai precisar passar por uma grande re-estruturação para que sobreviva aos próximos anos. A geração de consumidores de música de hoje não conhece o conceito de ter que pagar por música, pois encontramos tudo na internet. Não sentamos mais  e escutamos um disco inteiro como fazíamos com vinil. É bastante paradoxal, pois com todos os avanços tecnológicos que tivemos na última década, que nos proporcionaram  gravar com um padrão de qualidade nunca alcançado antes, passamos a escutar música em telefones, computadores e iPods o que é uma contradição, pois a qualidade de som desses meios é muito inferior ao vinil e CD.

Ainda assim existem coisas muito positivas: nunca tivemos acesso a quantidade de talentos e música que temos hoje. Posso gravar via internet com alguém do outro lado do mundo. Posso vender minha música pro mundo inteiro. Posso marcar uma turnê via internet.
Quais são suas influências musicais e o que você ouve hoje em dia?

Cresci escutando Van Halen, The Police, Sting, Pink Floyd , Rush , Titãs , Ultraje a Rigor , Bandalheira, Cidadão Quem , Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, RPM , Egotrip , depois passei por uma fase onde escutava guitarristas como Joe Satriani, Eric Johnson , Steve Vai . Um pouco de fusion : Chick Corea, Pat Metheny , Allan Holdsworth . Quando me mudei pra Los Angeles passei a escutar Miles Davis, Bill Evans, Wes Montgomery  e também James Brown, The Meters, Bob Marley , U2 … no meu iPod tem um pouco de tudo. Nos últimos 5 anos tenho escutado muita música brasileira , de Jobim, Chico, Djavan, Nana Caymmi , Dorival Caymmi, Cartola, Jackson do Pandeiro, Lenine e por aí vai.

Ultimamente escuto muito Jorge Drexler, Brandi Carlile, Tom Zé, Bjork, um compositor escandinavo chamado Johann Johannson, Radiohead, Muse, Rogério Duprat, Wilson Simonal… Tenho muita música ainda pra escutar no meu computador …

Grecco Buratto (Foto: Divulgação)

Quando será lançado o seu primeiro CD solo?

Olha, não tenho data exata porque estou gravando esse disco da maneira como sonhei gravá-lo e isso faz com que as coisas demorem um pouco mais. Até pelo fato de estar bancando ele com meu próprio dinheiro. Mas meu plano é ter ele pronto até o final de 2011.
Quando você pretende realizar shows aqui no Brasil para divulgar seu novo disco?

Assim que tiver o disco em mãos e uma estratégia de marketing para lançá-lo de uma forma eficiente e eficaz.

Você também é bastante eclético em relação a música. Mas qual é o seu estilo favorito?

Posso te dizer que não tenho um estilo favorito… Escuto de tudo, toco um pouco de tudo. Acho que existe em qualquer estilo uma verdade de quem escreve, produz, toca e canta. E se escutarmos determinado estilo com essa perspectiva encontramos coisas incríveis. Música reflete não só experiências, mas condições e realidades de vida diferentes. Música é um meio artístico e como meio artístico reflete a estrutura social dentro da qual ela foi criada e o público com o qual ela se identifica.  E além disso tudo, existe o Inconsciente Coletivo que ultrapassa as barreiras sócio-econômicas. A música e arte criadas dessa fonte são atemporais, não têm classe nem  casta social e conectam com os desejos básicos de qualquer e todo ser humano.

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando? Tem algum hobby? Qual?

Ótima pergunta. Gosto de ler, estudar idiomas, filosofia, física quântica. Pratico Kundalini Yoga diariamente e me formei como professor na metade do ano passado. Não sei se tenho um hobby. Acho que não. Tudo o que decido fazer, gosto de  me aprofundar o máximo que posso a ponto de me tornar proficiente naquilo. Portanto deixa de ser hobby, certo?  Gosto de estudar e seguir aprendendo.  Mas não encaro nada como hobby. Gosto de ir a fundo em qualquer coisa que decida estudar ou praticar…

Talvez ter um hobby me ensinará a não levar tudo tão a sério (risos) . Obrigado pela pergunta (risos)

Se tivesse super poderes o que você transformaria no mundo?

Ensinaria pra pessoas que todos temos super poderes e que a gente transforma o mundo a partir de nós mesmos.

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