Segundo Emerson Fittipaldi Senna foi o melhor

“Primeiro de maio é um dia histórico para o Brasil. Acompanhei o Ayrton desde quando ele começou a andar de kart. O apresentei na Europa para o Ralph Firman… Sempre acreditei no Ayrton. Para mim, ele era imortal. Acho que para todos nós. Eu acreditava que aquilo nunca iria acontecer.

Ayrton Senna e Emerson Fittipaldi (Foto: Reprodução/Tazio)

Ayrton Senna e Emerson Fittipaldi (Foto: Reprodução/Tazio)

Eu estava testando um F-Indy, na Michigan Speedway. Lembro até hoje que era um teste de tanque cheio e precisava dar 28 voltas. Lá pela 17ª volta, o chefe de equipe chamou: ‘IN! IN!’. Na mesma hora tirei o pé do acelerador e perguntei se tinha alguma coisa de errado com o carro, pois eu tinha mais dez voltas sem parar. Eu vinha no limite com o tanque cheio. Disseram que o carro estava ok. Quando eu estava entrando no box, falaram que minha mulher estava no telefone. Nunca na minha história um chefe de equipe me chamou para atender o telefone durante um teste. Achei que era alguma tragédia da minha família, que algo pudesse ter acontecido com os meus filhos. Quando fiquei sabendo da morte do Ayrton, foi um choque.

Na época em que ganhei as 500 milhas de Indianápolis, era um momento de convívio muito grande com o Ayrton. Meu sonho era correr as 500 milhas com ele e perguntei o porquê de ele não testar a Indy. O Roger Penske ia trazer um terceiro carro para o Senna. Estávamos no auge de nossas carreiras. Fomos para os Estados Unidos, onde ele viu os testes e chegou a pilotar o carro. Em Phoenix, no circuito oval de uma milha, Roger Penske não deixou o Ayrton pilotar pois tinha medo dele andar muito rápido e se machucar. Ia ser espetacular ter a oportunidade de correr com o Nigel Mansell e Ayrton naquele ano.

Com a morte do Ayrton, há uma nova preocupação em relação à segurança da Fórmula 1. Depois da morte dele, tudo melhorou. Desde o atendimento ao piloto, as equipes de resgate, o cockpit mais alto e forte. Mesmo depois de 20 anos, ainda existe a possibilidade de acidentes fatais, mas são menos prováveis que tempos atrás.

O acidente do Senna esfriou um pouco os fãs do automobilismo. Temos uma brecha de geração que precisamos reconquistar. É muito bacana poder lembrar todos os momentos com o Ayrton, o trabalho fantástico que ele fez na história do automobilismo brasileiro e mundial.

O limite que Senna andava, tanto dele, quanto do carro e pista, era excepcional. Na minha opinião, ele foi o melhor.”

 

Emerson Fittipaldi, 23/04/2014

 

Confira a entrevista completa do PPOW com Emerson Fittipaldi

Emerson Fittipaldi

Foto: Nathália Cunha

 

Ayrton Senna da Silva foi três vezes campeão mundial de Fórmula 1 (1988, 1990 e 1991). Foi também vice-campeão no controverso campeonato de 1989 e em 1993.

Nascimento: 21 de março de 1960, na cidade de São Paulo

Falecimento: 01 de maio de 1994, em Ímola (Itália)

Sepultamento: Cemitério do Morumbi, em São Paulo

Altura: 1,75m

Filiação: Neide Senna da Silva e Milton da Silva

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