Nova incursão no universo criado em 1900 por L. Frank Baum retoma os melhores elementos do filme original apostando na fantasia e nos efeitos especiais

Em 1939, Victor Fleming transportou crianças e adultos do descolorido Kansas para uma terra de cobres vibrantes e personagens marcantes na fantasia musical O Mágico de Oz, estrelado por Judy Garland e eternizado por suas canções que falavam sobre família, amor e valorização de nossas características pessoais.

Baseado no primeiro dos 14 livros escritos por L. Frank Baum sobre a terra de Oz, o filme até hoje marca o imaginário infantil e as lembranças dos mais velhos por justamente saber como trabalhar com esses temas emocionais e criar um universo espetacular. Não é à toa que, muito do que a gente vê de fantasia hoje em dia, tem inspiração nos trabalhos de Baum, que lançou o primeiro livro da série em 1900 com o título The Wonderful Wizard of Oz, e se encerrou em 1920 com o lançamento póstumo de Glinda of Oz.

Praticamente 74 anos depois do filme original – e uma série de novas adaptações estreladas pelos Muppets, Tom e Jerry e até Michael Jackson -, a Disney volta a revisitar esse universo com a nova aventura Oz – Mágico e Poderoso (Oz – The Great and Powerful, EUA, 2013), escrito por Mitchell Kapner e David Lindsay-Abaire, dirigido por Sam Raimi e desde o início do mês em cartaz.

Nesta espécie de prequel, conhecemos o ilusionista Oscar Diggs (James Franco), que sonha em ser alguém grandioso e não um simples apresentador de truques baratos. Depois de um incidente no circo em que trabalhava, Oz foge e acaba pego por um tornado, sendo transportado para a Terra de Oz, onde se depara com uma antiga profecia e parece ter tirado a sorte grande.

Até que ele encontra três bruxas, Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams), que não estão convencidas de que ele é o grande feiticeiro que todos imaginam. Tragado pelos problemas que a Terra de Oz enfrenta – incluindo uma bruxa má de nariz pontudo e pele verde – o mágico tem que redescobrir seus valores e salvar o lugar antes que seja tarde demais.

Com essa premissa de “épico fantasioso de guerra”, Oz – Mágico e Poderoso consegue ser uma divertida aventura, mesmo que seja primordialmente construído apenas pelos efeitos especiais e ressaltados por um belíssimo 3D. Mesmo tendo falhas em sua história ao querer evidenciar a magnitude da Terra de Oz e reconstruir o caráter do seu protagonista – duvidoso desde o momento em que aparece em tela -, o filme ganha destaque por, metaforizando, nos levar para um lugar conhecido.

Assim, ele se torna uma experiência nostálgica ao incorporar de modo sutil elementos conhecidos do filme original, como a estrada dos tijolos amarelos, o visual da Cidade das Esmeraldas, o Espantalho, o Leão Covarde, a Bruxa Verde e até a mãe de Dorothy. Inclusive, Raimi homenageia o filme original (mesmo não podendo fazer referências por questões contratuais, já que a obra de 1939 está ligada à Warner Bros. e este novo filme é produzido pela Dsiney) ao ter o seu início em preto-e-branco e a tela reduzida ao formato 4:3 (o que equivale a um trecho quadrado do filme) e, quando somos levados a Oz, cores vibrantes vão surgindo a medida que a tela vai “esticando” – basta ver o trailer do filme para já ter essa sensação.

Com um elenco de peso e que visivelmente está se divertindo em seus papéis, e uma direção que prefere trabalhar o lado mágico e visual da história do que o emocional, Oz – Mágico e Poderoso pode não ser tão marcante quanto a obra de 1939, mas não fere os fãs do original, apresenta esse universo a uma nova geração e diverte e serve como válvula de escape para um mundo em que a fantasia inocente e inteligente parece estar acabando.

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