Dois textos de grandes autores teatrais, e uma montagem que vale pelo oportuno do tema estão em cartaz na cidade. O texto mais famoso é Quem Tem Medo de Virginia Wolf, de Edward Albee, que vem sendo montado em São Paulo desde Cacilda Becker, nos anos 60. Desta vez, a empreitada, que nunca é fácil, é de Zezé Polessa e Daniel Dantas, como Martha e George, o casal de meia idade que se degladia enquanto fica atolado numa vida sem perspectivas, numa universidade dos Estados Unidos. Ana Kutner e Erom Cordeiro formam o jovem casal de visitantes, enredado na guerra conjugal dos hospedeiros. Albee, com 86 anos, é considerado um dos mais importantes dramaturgos do teatro moderno americano. Teve várias peças encenadas com sucesso, mas esta continua sendo seu trabalho mais aplaudido. A montagem, dirigida por Victor Garcia Peralta chega do Rio cheia de prêmios. A produção requintada, com cenários de Gringo Cardia, se instala a partir de hoje, por três meses, no Teatro Raul Cortez.
Outro texto importante em cartaz é Oh os belos dias, no original Happy Days, do autor irlandes Samuel Beckett. Com Esperando Godot, este é um dos textos que fizeram de Beckett um dos mais influentes autores teatrais do século 20. A montagem atual tem tradução e direção de Rubens Rusche, que é um especialista em Beckett. E está em temporada no Sesc Santana até o dia 18 de maio. Coincidentemente, o texto tem a mesma idade do de Albee. Só que foi, na época, muito mais vanguardista. Todas as peças de Beckett ainda o são. Nesta, uma mulher está enterrada até a cintura num pequeno monte. E se dedica a tarefas cotidianas como se sua situação fosse normal. A situação de imobilidade surge em outros textos do autor, como uma metáfora. O papel de Winnie é da atriz gaucha Sandra Dani, que divide o palco com Luiz Paulo Vasconcellos. Fernanda Montenegro fez duas vezes esse papel, em 1970, e novamente em 95, quando dividiu o palco com o marido Fernando Torre.
E quem também está em cartaz na cidade é o ator Ney Latorraca, com a peça “Entredentes”, que está no Teatro do Sesc Consolação. Com texto e direção do sempre polêmico Gerald Thomas, o espetáculo marca o encontro de um islâmico radical e um judeu ortodoxo, no Muro das Lamentações, em Jerusalém, onde iniciam um embate de ideias. Interessante e atual.