Com a SPArte em cartaz desde quarta, o assunto na cidade passou a ser artes visuais e seu mercado, cada vez com preços mais malucos. A cidade fica cheia de estrangeiros, ouve-se falar todas as línguas tanto nas galerias e nos restaurantes da moda, quanto no prédio da Bienal, onde é realizada a feira. Visitei a SPArte longamente na quarta-feira e de novo na tarde de ontem. É uma grande exposição de ótima arte, ou pelo menos da mais valorizada no momento. O primeiro dia é para quem interessa mesmo. Estavam lá todos os grandes colecionadores de São Paulo, Rio, Nordeste. Sim, há importantíssimas coleções no Nordeste hoje em dia, que compram deste o barroco colonial, aos modernos, e aos contemporâneos. E estavam lá também os diretores das grandes instituições, que ganham presentes de patrocinadores. Por exemplo, a Pinacoteca recebeu verbas do Banco Espírito Santo, do grupo Iguatemi e da família Garfinkel, para enriquecer o acervo do museu. O diretor da Pinacoteca, Ivo Mesquita, estava lá na deliciosa tarefa de escolher, sem se preocupar com a conta. E o colecionador cearense Ayrton Queiroz doou obras para o MAM e para o MASP. Sim, isso já existe no Brasil. Os preços, como disse, andam malucos. Uma obra de madeira, de pequenas dimensões, de Willis de Castro, artista neo concreto falecido nos anos 80, está à venda por 2 milhões e meio de dólares. Uma tela de Leonilson, artista da geração 80, morto nos anos 90, é oferecida a 1milhão e oitocentos mil reais. Mas também há obras do espirituoso Guto Lacaz por mil e quinhentos reais. Até ontem, o movimento de vendas da feira era animado, mas cauteloso. Uma galeria de Milão anunciou a venda de um Lucio Fontana por 1 milhão e meio de euros, cerca de 4 milhões e meio de reais. E galerias nacionais comentavam, mas não confirmavam, reservas e vendas de obras de brasileiros a valores entre os 4 e os 5 milhões de reais. E a feira ainda vai até domingo…
Entre as mostras em galerias importantes que abriram estes dias ou que ainda vão abrir amanhã, destaque para a de Antonio Dias, que apresenta pinturas recentes na Galeria Nara Roesler, nos Jardins. E a de Adriana Varejão, que mostra pinturas recentes no Galpão da Galeria Fortes Vilaça, na Barra Funda. São dois artistas brasileiros com largo transito no mercado internacional.
E para celebrar a Temporada da Alemanha no Brasil, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, abriu ontem a exposição ZERO. O título significa a retomada dos movimentos artísticos europeus depois da segunda grande guerra, no final da década de 50. A mostra já esteve em Curitiba e Porto Alegre. A partir de 1957, os artistas Otto Piene, Heinz Mack e Gunther Uecker, reunidos em Dusseldorf, formam o cerne da nova vanguarda alemã, que vai buscar correspondências na arte de Almir Mavignier, brasileiro que vivia na Alemanha, em Lucio Fontana, argentino radicado na Itália, no francês Yves Klein, no italiano Piero Manzoni, na venezuelana Gego, E nos brasileiros Lygia Clark, Abraham Palatnik, Willis de Castro e Hercules Barsotti. Todos passaram várias vezes pela Bienal de São Paulo. E estão reunidos de novo, nesta mostra produzida pelo Instituto Goethe.
Tudo vale a pena ser visto nesta grande festa das artes visuais. Boa noite.