Novidades interessantes no circuito de artes visuais em São Paulo, que se prepara para receber a SPArte, no começo de abril.
A marchande Raquel Arnaud comemora seus quarenta anos de atividades com duas exposições que revisitam sua carreira através de obras dos artistas que ela apresentou. Uma já em cartaz, institucional, com o título Afinidades, que ocupa quatro salas do Instituto Tomie Ohtake. E outra comercial, chamada Trajetórias, em sua galeria na Vila Madalena, e que só abre no dia 1º. Nas duas, os mesmos artistas que hoje transitam no olimpo da nossa arte: Ligia Clark, Ligia Pape, Tunga, Valtercio Caldas, Iole de Freitas, Willis de Castro, Sergio Camargo, Amilcar de Castro, Mira Schendel, entre outros. Sem falar no argentino Leon Ferrari e nos venezuelanos Cruz Diez e Jesus Soto. O time é de primeira, aqui e no circuito internacional, e a exposição também, ainda mais com curadoria da própria Raquel e montagem de Felippe Crescenti.
Artur Barrio, o artista plástico luso-brasileiro que adora desafiar todos os conceitos de arte estabelecidos, abriu mostra ontem à noite na Galeria Millan, na Vila Madalena. Chamada de Em Algum Ponto da Terra, a exposição é uma imensa instalação. E grande parte dela foi feita na galeria, que Barrio transformou, no último mês, num grande ateliê. Em torno deste tema, e da visão de uma paisagem recorrente, ele usou seu repertório de ações artísticas para encher o espaço de sua presença, e de questionamentos. A mostra é, em certo sentido, institucional, já que não há como comercializá-la. Isso será discutido depois, já que a preocupação do artista parece não ser essa. Por isso mesmo, Barrio é sempre interessante.
A mostra Duplo Olhar, montada no Paço das Artes, no Campus da USP no Butantã, pela curadora Denise Mattar, com obras da coleção Sergio Carvalho, de Brasília, lança no dia 1º de abril seu catálogo, com a apresentação da performance Tríptico Matera, do Grupo EmpreZa. A coleção de Carvalho é importante, por ter um viés contemporâneo, e um olhar voltado para fora do eixo sul/sudeste. Além da qualidade do que é mostrado, o assunto interessa por um fato inédito: o colecionador teve a ideia pioneira de comprar a performance. Como é que alguém possue uma performance em seu acervo? O próprio Carvalho explicou que é tudo novo para todos os envolvidos. Vai exigir um contrato cheio de cláusulas sobre direitos, número de apresentações, custos quando as apresentações exigirem deslocamentos, e mais uma série de questões. Na verdade, trata-se de mecenato, da vontade de apoiar sem a preocupação de acumular ou de lucrar. O que merece aplauso. Boa noite.