Maitê Proença estreia em São Paulo, o espetáculo À Beira do Abismo me Cresceram Asas, que chega do Rio cheio de elogios e aplausos. A dramaturgia é dela, a partir de uma pesquisa e texto de Fernando Duarte, que recolheu histórias em asilos para idosos. A direção é de Clarice Niskier com supervisão de Amir Haddad. Maitê e Clarisse Derzié Luz interpretam duas anciãs, cuja idade avançada lhes permite falar com liberdade e autoridade sobre qualquer tema. Elas não tem idade, diz Maitê. Dentro delas ainda há as meninas que elas foram. A atriz e autora garante que a plateia ri durante quarenta minutos, e se emociona no final. Boa receita. No Teatro Faap, no Pacaembu, até 18 de agosto.
O Instituto Tomie Ohtake está apresentando uma mostra da obra de Isamu Noguchi, um dos deuses da arte do século 20, com influência em toda a arte contemporânea e design até hoje. São 44 peças do acervo do Noguchi Museum, em Queens, ao lado de Manhattan, que é um verdadeiro templo. Algumas delas, como suas famosas luminárias de papel, serão reconhecidas mesmo por quem nunca ouviu falar dele. Noguchi, que viveu de 1904 a 1988, é filho de japonês com americana. E viveu a maior parte de sua vida nos Estados Unidos. Mas sua obra e seu museu, montado em seu ateliê, refletem o minimalismo oriental. Ele transitou entre escultura, arte pública, design, urbanismo e cenografia para teatro e dança. Em outra sala do Instituto, a pintora Célia Euvaldo faz intervenções diretamente nas paredes, dando gigantismo a suas já conhecidas pinceladas negras sobre fundo branco. Até o fim de julho.
O maestro Jamil Maluf, o diretor e cenógrafo Jorge Takla e a figurinista Mira Haar formam um time muito afinado. Já produziram muitas óperas juntos ou separados. O Teatro Municipal de São Paulo os reuniu de novo para a montagem de The Rake’s Progress, A Carreira do Libertino, a última ópera de Stravinsky. Esta é uma obra bastante contemporânea, já que estreou em 1951 no Teatro La Fenice, de Veneza. Mas tem uma estrutura bastante calcada em Mozart. Só que sem final feliz. Pelo contrário, é uma tragédia, inspirada numa série de pinturas do inglês William Hogarth, com libreto do também inglês W. H. Auden, que por sua vez era um ávido leitor de Freud e Young. Para contar esta historia de um amor frustrado, e de uma vida dissipada que termina em loucura, foi chamado um tenor americano, Chad Shelton, e um elenco nacional que tem Rosana Lamosa, Savio Sperandio e Silvia Tessuto. Com a Orquestra Experimental de Repertório. A estreia foi ontem, e só haverá mais três apresentações, amanhã, domingo e terça.