A semana de arte de Miami começou ontem, com a abertura para convidados da Art Basel Miami Beach, o mais importante evento do mercado de arte realizado em todo o continente americano. Mais do que a Frieze de Nova York, e certamente muito mais do que as feiras de São Paulo, Rio, Buenos Aires, Bogotá e Cidade do México. Juntas. A abertura para o público foi hoje de manhã. São centenas de galerias do mundo todo, sobretudo dos Estados Unidos e Europa, reunidas no mesmo espaço de muitos milhares de metros quadrados. O evento é tão marcante, que outras cerca de dez feiras complementares foram se formando em torno desta, que está em sua 12º edição. São feiras específicas, para arte emergente, ou para o acervo de galerias que não têm padrão para serem admitidas na Art Basel. Entre elas as mais significativas são a Context, a Art Miami, a Scope, a Untitled.
Para nós, o importante é ressaltar que a presença brasileira neste mercado é cada vez mais proeminente. Este ano são 14 galerias brasileiras na feira principal. Entre elas, Luisa Strina, Fortes Vilaça, Leme, Luciana Brito, Mendes Wood, de São Paulo, A gentil Carioca, do Rio, e Silvia Cintra, de Belo Horizonte. E mais nove nas outras feiras, como a Logo e a Pilar, de São Paulo. Sem contar que este ano acontece a Brazil Art Fair, produzida por brasileiros, reunindo a arte de 100 artistas nossos, de 15 diferentes galerias, entre elas a Central, Estação e Paralelo, também de São Paulo. E a exposição Tempo Sucesso, que reúne artistas brasileiros renomados.
Além disso, é preciso citar a presença do designer brasileiro Hugo França na Design Miami, importante feira de design montada em frente à Art Basel. O mesmo artista expõe esculturas grandes e móveis no Fairchild Tropical Botanical Garden. O Brasil será assunto também de um debate, sábado, na Fundação Cisneros, entre importantes curadores de museus e fundações internacionais e mais Luiz Camilo Osório, diretor do MAM do Rio. O tema: Brasil na América Latina.
Desde 2002, quando se deu a primeira edição da Art Basel Miami, sob o comando de Samuel Keller, a cidade mudou de cara. Antes um centro de compras sem opções culturais, Miami foi ganhando importantes coleções particulares abertas ao público, centros multiculturais, um auditório de música assinado por Frank Gehry, e um museu de arte contemporânea criado pelo escritório Herzog & De Meuron, o mesmo que assina o nosso Teatro da Dança, aquele que vai surgir na Cracolândia. O museu de Miami já está pronto. O nosso teatro ainda não saiu do chão. Lá, a iniciativa privada entra no projeto. Aqui, sempre dependemos da vontade política dos nossos dirigentes e das sobras de verba no orçamento, já que Cultura nunca foi, e continua não sendo, uma prioridade para autoridades brasileiras.