O ano é 2000. A maré de más notícias sobre o clima e o aquecimento global inunda o noticiário. Impossível ignorar o destino trágico do planeta Terra, traçado pelos especialistas com funesto alarde. Michael Beard, cientista consagrado e prêmio Nobel de física, não parece nada preocupado. Seus interesses atuais se limitam a fantasias eróticas – concretizadas ou não -, bebida e mesa farta, de preferência repleta de guloseimas pouco recomendáveis para um homem de sua idade. Autoindulgente e cínico, Beard não se comove mais com as homenagens que lhe são periodicamente oferecidas, apesar de apreciar as quantias que costumam acompanhá-las.
Entrementes, o governo britânico, preocupado com as repercussões eleitorais do aquecimento global, resolve criar o Centro Nacional de Energia Renovável, e Beard é convenientemente convidado para sua presidência. Alheio, rodeado de pós-graduandos inexperientes e às voltas com um malfadado projeto de turbina eólica, o protagonista de Solar está obcecado pela traição de Patrice, sua quinta e jovem mulher. Apesar de ele mesmo lhe ter sido assiduamente infiel, não consegue compreender como pôde ser trocado por um pedreiro brutamontes e semianalfabeto. A fixação patológica em conseguir Patrice de volta e salvar o casamento o leva às maiores sandices, inclusive uma furtiva visita à residência do rival.
Em 2005, após um acidente ocasionar uma reviravolta em sua vida, Beard começa a colher os resultados de uma revolucionária pesquisa sobre o uso da luz solar para a obtenção de energia limpa e barata a partir da água. Segredos do passado, no entanto, insistem em ameaçar a prosperidade conquistada, tornando imperioso mantê-los submersos, a qualquer custo.

Numa narrativa marcada pela fina ironia em relação ao discurso “ecologicamente correto”, Ian McEwan converte o protagonista de Solar numa espécie de anti-herói picaresco, cuja trajetória marcada pela amoralidade e pela cupidez espelha com precisão a pusilanimidade da espécie humana frente ao desastre inexorável.

“Um livro fantástico, talvez o melhor de McEwan.” – Financial Times

“O pano de fundo científico de Solar é tão acurado que os pesquisadores do MIT que estudam os temas abordados no livro poderiam desconfiar de que McEwan roubou suas notas […]. Mas o grande feito do livro é condensar na figura humana do protagonista todas as contradições das polêmicas sobre o clima e o aquecimento global.” – Time

Cia das Letras R$48,00

Ian McEwan

Nasceu em 1948, em Aldershot, Inglaterra.

Publicou duas coletâneas de contos e, entre outros romances, A criança no tempo, O jardim de cimento (adaptado para o cinema), Amor para sempre e Amsterdam.

Vencedor do Whitbread Award 1987 e do Booker Prize 1998, teve seu romance Reparação, indicado ao Booker Prize 2002.