Mostra apresenta a obra do multifacetado e contemporâneo artista alemão

Batizada de “Realismo Capitalista e Outras Histórias Ilustradas”, a primeira exposição internacional de Sigmar Polke após sua morte em junho de 2010, aos 69 anos, acontece no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, a partir do dia 28 de outubro, sexta-feira.

A mostra conta com a série completa das obras gráficas do artista, produzidas entre 1963 e 2009. Ao todo, são mais de 220 estampas e objetos cedidos pelo colecionador Axel Ciesielski, além das 25 obras em técnica mista (gravura, desenho, colagem) da série Day by Day, concebida por Polke para a Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1975, cedidas por uma coleção privada. Na época apresentada em cadernos, o MASP trará agora os originais, inéditos no Brasil.

Com curadoria de Tereza Arruda e colaboração de Teixeira Coelho, “Realismo Capitalista e Outras Histórias Ilustradas” fica em cartaz até 29 de janeiro de 2012, no primeiro andar do museu.

“A alquimia de Polke era composta de intuição, planejamento e casualidade, além é claro, de todo tipo de materialidade que atravessasse seu caminho. A curiosidade experimental sempre fez parte de sua prática de vida. Graças a este desprendimento e incansável atitude laboratorial é que temos obras tão ricas em sua diversidade na mostra que aqui apresentamos. O percurso passa por técnicas distintas de impressão, colagem, montagem, desenho, fotografia, pintura sobre papel, jornal, folhas plásticas, material metálico entre outros. Vale aqui acentuar que para Sigmar Polke sua produção de obras sobre papel se encontra no mesmo patamar que sua pintura, sem ser uma produção secundária ou ainda esporádica. O artista se dedicou continuadamente a esta técnica, aberto à pesquisa de novos materiais que surgiam no mercado no decorrer do tempo.” (Tereza Arruda)

“Um artista, se diz, precisa ter o que dizer sobre o mundo, para que aquilo que ele diz se agregue ao mundo. O que Polke tem a dizer sobre o mundo é muita coisa. É tudo, quase tudo, todo o possível. Mas o que ele diz de central sobre o mundo, ao dizê-lo sobre a arte tem a ver com o modo da liberdade, o modo da liberdade de querer. E é isso que se identifica em Polke quando se pode vê-lo entre outros: a vontade da liberdade de querer, dificílima de praticar, dificílima até de imaginar, uma liberdade que em arte é divina. Como em outros campos da vida.” (Teixeira Coelho)

Leia os textos dos curadores na íntegra, aqui e aqui.

Sigmar Polke – Considerado uma das mais significativas forças criativas da Europa no pós-Guerra, Polke nasce em 1941 na Silésia – região incorporada à Alemanha Oriental em 1949 e hoje  compartilhada pela Polônia, República Tcheca e Alemanha. Aos doze anos muda-se com a família para a então Alemanha Ocidental e aos 20 é aceito na Academia de Artes de Düsseldorf.

Em 1963 ganha visibilidade ao organizar, junto dos colegas de classe Gerhard Ritcher e Konrad Fischer (então Konrad Lueg), a performance e depois movimento Realismo Capitalista, assim batizado para satirizar o Realismo Socialista, doutrina estética e artística oficial da União Soviética, bem como criticar a doutrina da arte guiada pelo consumo no capitalismo ocidental.

Nos anos 70 sua obra concentra-se principalmente na produção e manipulação fotográfica, em meio a suas inúmeras viagens pelo mundo. Em 75 torna-se a grande estrela da 13ª Bienal de Arte de São Paulo ao vencer o grande prêmio de pintura e apresentar a série Day by Day, que será exibida pela primeira agora no MASP vez em seu formato original.

Nos 80, experimenta diferentes tipos de tintas, compostos químicos e solventes e em 86 leva o Leão de Ouro na Bienal de Veneza pela instalação Athanor, com uma tinta por ele desenvolvida à base de pigmentos que reagiam à luz e umidade do local, mudando de cor. O prêmio consolidou seu nome como um dos mais importantes da arte alemã, ao lado de Richter, Joseph Beuys, Georg Baselitz e Anselm Kiefer.

Sigmar Polke era, sobretudo, um iconoclasta de espírito livre. Sua não categorização em escola ou estilo específico é talvez a melhor definição de sua obra.

:: Serviço ::
De 28 de outubro de 2011 a 29 de janeiro de 2012
“Realismo Capitalista e Outras Histórias Ilustradas”
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Av. Paulista, 1578 – Tel. 11 3251-5644
De 3ªs a domingos e feriados, das 11h às 18h. Às 5ªs: das 11h às 20h. A bilheteria fecha meia hora antes.
Ingressos: R$ 15. Estudantes, crianças até 10 anos e adultos acima de 60 anos: R$ 7. Acesso gratuito às 3ªs feiras
www.masp.art.br

Fonte: Masp
Fotos: Reprodução (nem todas as obras mostradas nesta matéria fazem parte da exposição)