A meditação não consiste simplesmente em fechar os olhos

Como visto na matéria anterior, dentro do “caminho óctuplo”, ou Ashtanga, de níveis de concentração que levam à plena integração com o ser interior, as quatro últimas etapas se relacionam mais intimamente à prática meditativa em si.

PRATYAHARA – Sentidos dominados
Pratyahara significa introspecção, abstração. É considerado como o degrau que serve de ponte entre a prática externa e interna do Yoga. Direcionando os sentidos de fora para dentro, lentamente se distanciando das atividades mentais exteriores.
É a partir dele que o yogue trabalhará profundamente dentro de si mesmo sua busca particular pela Verdade Absoluta. Com a prática constante adquire-se controle mental e passa-se a desenvolver as atividades internas da alma com seu sentido transcendental. É necessário ter fé e determinação.

DHARANA – Foco da mente
É a etapa de preparação da mente para a meditação. Esta concentração é realizada internamente focando um objeto específico e não se distanciando dele. A concentração requer alguns fatores: interesse, atenção, prática e calma mental. Se o propósito da vida humana é o amor puro pelo Senhor, logo Ele é o único objeto de meditação. Logo este amor deve ser eternamente direcionado ao objeto amado.
Em muitas escrituras enfatiza-se o processo de Bhakti (devoção) como o caminho mais fácil para se alcançar os três últimos degraus do Asthanga Yoga. É da natureza do ser vivo servir ao supremo com devoção amorosa e isto confirma o propósito do Yoga. A meditação não consiste simplesmente em fechar os olhos. Ela envolve todos os sentidos, ações, pensamentos, mente e inteligência. O significado de Bhakti se traduz como contentamento. Quando uma pessoa o pratica, ela se torna contente, livre da contaminação de lamentação e ansiedade.
Em Dharana, três fatores são de primordial importância: é necessário o auxílio de um mestre espiritual que dê instruções específicas; é necessário acatar seus ensinamentos e aplicá-los na vida diária com o objetivo de dissipar dúvidas e falsas concepções e, finalmente, é necessário concentrar-se na forma pessoal da verdade absoluta com total convicção.

DHYANA – Meditação
Quando o praticante se mantém por um longo período em um estado mental de concentração na super-alma, compreende-se que ele alcançou a meditação.
Meditar significa concentrar a mente e focar a consciência no aspecto pessoal do Ser Divino. É a etapa final do caminho para a auto-realização.
É difícil encontrar nas palavras o verdadeiro significado para todo o processo do autoconhecimento. Aqui, mais do que qualquer coisa, somente a prática incessante trará os resultados esperados. Escrito no Vedanta Sutra (1.2) Janmady Asya Yatah: A Verdade Absoluta é a fonte última de tudo.

SAMADHI – Total integração com o ser interior
A grandeza do Samadhi é como a grandeza de um rei, porque o samadhi controla tudo. Segundo Vyasa (compilador do Yoga), Yoga é Samadhi, o estado do controle completo das funções da consciência. Último degrau a ser alcançado durante a meditação, sua duração é efêmera, não permanencendo mais que alguns segundos.
Durante esse tempo acontece a liberação e a superação dos apegos aos sentidos. Paz, pureza de pensamentos, libertação, transgressão física e de pensamentos. O batimento cardíaco quase nao existe, assim como a pulsação. Acontece assim a plena elevação espiritual e quebra-se a roda do Karma, interrompendo o processo de contínuos renascimentos.