A experiência do que se chama vazio interior é extremamente rica e, principalmente, criativa

A meditação é o que podemos imaginar de mais simples: é viver plenamente o agora, o tempo presente. Se analisarmos pensamento por pensamento, veremos que passamos o tempo todo pensando em algo passado ou algo que achamos que virá. A vivência do presente é simplesmente SER, o estado primeiro do ser humano, e ao mesmo tempo o estado que se tornou mais difícil de ser re-vivido. Difícil porque este retorno exige muitas vezes o questionamento crítico de esquemas (corporais inclusive), de ações e ideias com as quais estamos acostumados e sobre as quais já construímos uma vida.

Apesar de simples em sua essência, a prática da meditação exige disciplina, compreensão e, principalmente, atitudes corretas em relação à própria experiência. A primeira delas é não esperar resultado nenhum. É o estado de disponibilidade, de deixar acontecer. Isso porque não se medita sobre um assunto, ou uma ideia. A meditação é um estado, e não um exercício mental.

Uma outra tendência comum com relação à meditação é pensar que meditar é voltar-se para dentro, é se fechar dentro de si mesmo. Enquanto que meditar é exatamente a experiência inversa: é a descoberta da abertura.

Essa atitude é desenvolvida normalmente na prática do yoga, nos diversos exercícios de conscientização, respiração ou relaxamento. Mas é na prática da meditação sentada que se pode progredir muito nessa direção, preparando a chamada meditação na ação.

A distinção que é feita muitas vezes entre a meditação chamada passiva e meditação ativa não deveria existir, pois uma é o próprio alimento da outra. Os momentos de prática sentada preparam para a vida diária, e seus efeitos podem ser sentidos nas ações, nas palavras, na vida como um todo. Por outro lado,é a experiência diária, ou melhor, a troca de experiências, que permite um enriquecimento da prática da meditação silenciosa.

A meditação é silenciosa enquanto experiência do não pensamento, mas nem por isso é vazia. Pelo contrario, a experiência do que se chama vazio interior é extremamente rica, principalmente criativa, a própria vivência de Sat Chit Ananda, o que se traduz normalmente por Existência, Consciência e Suprema Felicidade.

Que essas reflexões possam servir de esclarecimento e de incentivo… boa prática do seu SER!

Fonte: Yoga Narayana

Foto: Ivone Santos © I stop for photographs