Momentos de pluralidade, diversidade e flexibilidade

A dúvida pode unir enquanto a radicalidade e a crença podem separar. E geralmente é o que acontece no relacionamento humano, quando se analisa a sabedoria da convivência, ao contrário do que pensam os intransigentes.

Desde que também se abandone o campo da vaidade e do ganhar ou perder e se torne uma internalização que já não intimida. Para isso é preciso conhecer e praticar três pontos importantes para o conviver: pluralidade,  diversidade e flexibilidade,  bases da maturação e do desenvolvimento.

Pluralidade é uma tomada de consciência de que não estamos sozinhos, o que implica em abrir mão da alma egóica e perceber que assim como precisamos de apoio e aconselhamento, os outros também precisam. Conhecem aqueles que vão a uma consulta médica e se alongam muito mais do que o necessário, nem se incomodando de que a sala de espera esteja cheia ou se dando conta das aflições alheias? Ou que alugam o gerente do banco por horas, indiferentes à fila de clientes que também precisam consultá-lo?

Diversidade para entender que não pensamos, sentimos ou projetamos a vida de maneira igual. Que cada um é um, que a proximidade do diferente nos enriquece e que a verdadeira tolerância está em reconhecer valor a quem pensa diferente ou olha em outra direção. Assim como compreender que uns gostam de carne, outros de peixe e que esse é um direito absoluto da individualidade, desde que não interfira ou exija a mesma escolha.

Por mais que eu tenha dificuldade de compreender que alguém possa não gostar de doce e peça uma fatia de abacaxi à sobremesa naquele restaurante famoso por suas delícias, mesmo sem ser diabético ou estar de regime, quando eu simplesmente adoro doces e luto por me conter pelos motivos banais de todos, preciso aceitar isso como a magnífica diversidade da condição humana!

E flexibilidade, já que não cabem dois fatos fechados e concomitantes no mesmo espaço e precisamos abrir mão de nossa vontade em algumas ocasiões. Assim, se faz a arte do relacionamento.  Hoje cedo eu; amanhã cede o outro. Essa alternância é saudável, lúcida, integrativa.

Nesses três movimentos da convivência está o reconhecimento da dignidade do próximo, em sendo a desproporção entre a fragilidade do saber e a magnitude do fazer que reside o verdadeiro ato de justiça e portanto do equilíbrio.

É quando estarmos todos juntos numa comunidade se torna um maravilhoso encontro.

Foto: Alessandra Przirembel Angeli © I stop for photographs