Hortaliça europeia conquista o paladar brasileiro

Chicória, chicarola, endiva, escarola, zichorie (alemão), endive e chicorée (francês), chicory e endive (inglês), witlof (holandês) são nomes populares da nada convencional endívia.

A sutileza do sabor é o grande trunfo da endívia. Versátil, pode ser consumida crua, refogada, cozida no vapor ou assada, em receitas salgadas e doces, quentes ou frias.

Combinada com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, tomate seco ou frutas, a delicada folha acrescenta requinte a entradas, saladas e pratos principais. Países como França, Bélgica e Holanda há muito idolatram em sua culinária o gosto cada vez mais reconhecido também por nosso paladar.

As propriedades
A hortaliça, produzida sem uso de agrotóxico, é pouco calórica, mas rica em cálcio, vitamina A, fibras, potássio e ferro, o que a torna componente ideal de uma dieta saudável. Uma porção de 50g de endívia (equivalente a uma xícara de chá) contém apenas 8,4kcal, zero grama de gordura saturada ou trans, 1,5g de fibra alimentar e 11mg de sódio. A endívia não contém glúten.

De acordo com informações da California Vegetable Specialities, a endívia absorve o colesterol na corrente sanguínea e remove toxinas do sistema digestivo. Segundo a Aprifel (Agence fruits et legumes frais, agência de pesquisa e informações sobre frutas e legumes da França), a endívia age como antioxidante, eliminando os radicais livres, e contém selênio, que retarda o envelhecimento precoce. 

Na hora da compra, o importante é observar se está fresca, limpa e rígida, sem machucados e com a cor clara. Para suavizar o sabor, recomenda-se retirar o talo, sua parte mais amarga. Em pratos quentes, a dica para que fique sempre clarinha é adicionar algumas gotas de limão durante o preparo. E, para que não percam os minerais, as folhas não devem permanecer mergulhadas em água por muito tempo.

A origem
Descoberta na Bélgica como variante da chicória, a endívia tem como características as folhas de forma alongada e textura tenra, compondo um broto amarelo claro. Na terra natal e na Holanda é conhecida como witlof, ou folha branca. Enquanto a chicória é cultivada à luz, a cultura da endívia ocorre no escuro. Sua história data de 1843, quando um camponês belga reparou que das raízes da chicória selvagem, deixadas na terra e ao abrigo da luz, despontavam uns rebentos compridos, brancos, adocicados e de textura muito agradável.

Na Europa, ficou popular durante a Primeira Guerra Mundial, quando muitas pessoas eram impedidas de trabalhar livremente a céu aberto devido aos ataques aéreos. A endívia passou, então, a ser cultivada no escuro protegido de cavas, estufas e até em estábulos, exercendo grande importância na economia e subsistência de muitos vilarejos e camponeses na época.

Cultivo e produção nacionais
A endívia que vai à mesa do brasileiro já tem sangue verde e amarelo. O cultivo é realizado exclusivamente em Holambra, antiga colônia holandesa localizada a 140km de São Paulo e, hoje, uma cidade de 10 mil habitantes, conhecida pela excelência na produção de flores e plantas ornamentais.

A endívia é plantada em câmara fria, no escuro, dentro de vasos com água, no sistema conhecido como hidroponia, livre de agrotóxico. Sua embalagem é feita sem contato humano e, depois de adquirida, se mantida sob refrigeração entre 5°C e 8°C, dura até 25 dias.

A De Wit, que produz e comercializa a endívia no Brasil com exclusividade, começou a importá-la em pequenas quantidades em 1997. A produção local hoje chega a 40 toneladas por mês e, com uma grande estrutura de câmaras frias, tem condições de fornecer endívia ao mercado durante todo o ano.

As receitas
Pela forma de barquinha e consistência firme das folhas, a endívia serve literalmente de base para canapés ou como recipiente comestível para saladas com ingredientes picados. Mas se destaca também em receitas elaboradas, como Lasanha de endívia, Endívia refogada com shoyo, Omelete de endívia, Pastel de endívia, Quiche de endívia, Endívia ao vinho, Endívia ao molho curry e ovos, Endívia com frango e peras, receitas essas que estão no site www.endivia.com.br/.

Aqui, 4 opções fáceis e rápidas de preparar com a saborosa e delicada endívia. A primeira, dica de Regina Rocha exclusiva para o PPOW, é uma tradicional receita belga. Experimente todas e crie suas próprias variações.

Endives Braisées (para 2 pessoas)
Ingredientes
4 endívias
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sobremesa) de açúcar

Lave as endívias inteiras e com a ponta da faca tire o “bumbum” delas para não amargar. Em uma frigideira funda, derreta a manteiga e coloque as endívias para dourar. Enquanto mexe as endívias, acrescente o açúcar e deixe dourar bem, virando sempre. Quando estiverem bem douradas (levemente queimadinhas mesmo), cubra-as com água e tampe a frigideira pela metade. Deixe ferver até quase secar, ainda virando. A calda fica bem reduzida e dourada, assim como as endívias. Ótima opção para acompanhar assados.

Endívia ao vapor
Ingredientes
4 endívias cortadas grosseiramente
2 colheres de vinho branco
1 colher de suco de limão
Sal e pimenta a gosto

Cozinhe as endívias no vapor por 10 minutos. Em uma frigideira com pouco óleo acrescente as endívias, o vinho e o suco. Refogue por 10 minutos. Antes de servir tempere com sal e pimenta.

Endívia gratinada com queijo e presunto
Ingredientes
500g de endívias inteiras
200g de presunto em fatias
200g de queijo mussarela em fatias
Sal a gosto
Molho branco – opcional

Ferva a endívia em água com sal e escorra bem. Enrole-as nos frios, deixando o presunto por fora. Disponha em uma travessa e gratine até derreter o queijo. Se desejar, cubra com o molho branco antes de levar ao forno. Rende 4 porções.

Canapé de endívia
Ingredientes
2 endívias (folhas separadas)
4 colheres de sopa de ricota
2 fatias de abacaxi picadas
1 cebola pequena picada
Cerejas e nozes picadas a gosto

Lave bem as folhas das endívias e escorra. Em uma travessa, misture o abacaxi, a cebola e a ricota. Espalhe sobre as folhas das endívias. Decore com cerejas e nozes.

Fotos: Divulgação