O conhecimento como única via para a libertação da ilusão

Dando continuidade (leia aqui a primeira parte) aos conceitos relacionados ao Vedanta Advaita:

Jiva
A alma ou consciência pura recebe o nome de Jiva, e se refere à alma individual vivente quando associada à ignorância, ou Avidya, que lhe é superposta. Nosso corpo físico é formado pelos elementos – terra, água, ar e éter – e para eles ele voltará. Porém além dele reside algo maior e intransponível que nunca morre.

Tudo o que não é composto não se dissolve e por isso é eterno. Eu não digo “Eu sou este corpo”, pois o corpo é uma morada provisória,  a qual deixaremos algum dia.

Para Sankara, o Absoluto é Brahman (o que não é qualificado), a divindade não manifestada, sem atributos, inconcebível por nossa mente limitada e imperceptível pelos sentidos.

Quando a verdadeira natureza de Brahman é ocultada pelo poder da ilusão (Maya), surgem as condições de individualização e existência relativa, tal como quando a verdadeira natureza da corda é ocultada pela aparência ilusória da cobra (simbolismo).

Moksha
A libertação da ilusão. Segundo Shankara, a maneira de realizar ou como buscar esse estado, é através do conhecimento discriminativo e da vivência interior deste conhecimento. De acordo com Ele, o amor devocional pela Divindade e a ação pura, conforme ensinada por Shri Krishna na Bhagavad Gita, são meios para a prática do conhecimento, que é o verdadeiro caminho.

Shankara foi enfático em afirmar que o conhecimento é a única via para a liberação, e seu processo é através da análise discriminativa.

“Tal como a corda percebida como uma cobra é finalmente identificada como nada mais que uma corda, da mesma forma o mundo das coisas irreais é reconhecido pela dissolução da ilusão sobreposta à realidade, não ser nada além de Brahman.”

Este é o conhecimento que quando conquistado pela compreensão discriminativa nos leva à liberação. Shankara nos ensina que Moksha é a liberação da roda das existências (Sansara) do mundo empírico, bem como da própria noção de individualidade.

Não importa qual o caminho a seguir primeiro, se o devocional ou o do conhecimento, pois enquanto o homem continuar mantendo em sua consciência a percepção errônea de que ele é uma estrutura psicofísica, confundindo-se com os atributos superpostos por esta, como a mente e o ego humano, em detrimento da percepção de que de fato ele é o Atman (o verdadeiro Eu, o Absoluto, o próprio Brahman), não irá conseguir a auto-realização pela identificação com a divindade imanifesta que reside em seu interior.

Imagem: Anantashakt / Copyrighted to Himalayan Academy Publications, Kapaa, Kauai, Hawaii. Licensed for Wikipedia under Creative Commons

Leia a primeira parte: Introdução ao Vedanta