Acervo traz cerca de 2.000 peças entre adornos corporais dos séculos XIX e XX e fotografias dos principais desertos do mundo

Tornozeleiras das mulheres Berberes - Tunísia

A Galeria de Arte do SESI-SP, no Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso, apresenta até dia 10 de junho de 2012 a exposição da historiadora  Thereza Collor, que oferece ao público a oportunidade de conhecer uma das mais raras coleções de todo o mundo. Uma seleção exclusiva de adornos corporais que vão desde joias, brincos, colares, braceletes, tornozelerias, vestimentas e acessórios de povos orientais, africanos e asiáticos.

Adorno peitoral cerimonial - Índia - Ladakh - deserto-do-Himalaia

A coleção de Thereza Collor começou com uma viagem ao Oriente Médio, aos 14 anos de idade. Desde então o interesse pelos aspectos estéticos, sociais, políticos e religiosos de diferentes culturas fizeram com que a coleção por artefatos produzidos nos séculos XIX e XX se tornasse única. “Joias do Deserto” dispõe a coleção de Thereza Collor em cinco núcleos multidisciplinares, determinados por cada uma das regiões desérticas abordadas na mostra.

Colar com trabalho de gravação - começo do século XX - Paquistão

Na mostra serão exibidas cerca de 2000 peças da joalheria tradicional – entre brincos, colares, braceletes, cintos, bolsas, vestes, tornozeleiras e adornos peitorais e de cabeça – de povos habitantes de cinco regiões desérticas: o grande Deserto do Saara – compreendendo Marrocos, Argélia, Mali, Níger, Tunísia, Líbia e Egito (até o Sinai, chegando à Palestina); o Deserto da Arábia – Arábia Saudita, Iêmen, Sultanato de Omã e Síria; os Desertos da Ásia Central – Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão e Cazaquistão (passando pelo Irã, até o Afeganistão); o Deserto de Thar – Índia (Rajastão e Gujarat) e Paquistão; e o Deserto do Himalaia – Tibete (território autônomo da China) e Ladakh (região dividida entre a Índia, Paquistão e China).

 

Tornozeleira em prata - India - Gujarat - Deserto de Thar ou Grande deserto da Índia

Por conta de novas configurações geopolíticas e dos sintomas da globalização, muitas dessas sociedades estão em curso de desaparecimento. Desta forma, além do significado artístico, o acervo contribui com a preservação dessas culturas por reunir artefatos que revelam os costumes e tradições desses diferentes povos. O nomadismo das populações locais, continuamente em busca de lugares menos inóspitos, faz com que produção apresente similaridade de estilos – como a presença constante de formas variadas de animais sagrados, como pássaros e peixes, representando a fecundidade – mas revela aspectos de originalidade de cada etnia, suas interpretações e funções distintas em seus países.

 

Colar chamado iqd com três pendentes chamados hirz - Iêmen

 

Braceletes em forma de serpente - Afeganistão

Entre as joias, destaque para os braceletes em forma de serpente, do Afeganistão, com desenho que remete aos modelos usados na antiguidade, o adorno peitoral cerimonial, uma espécie de armadura usada no pescoço, com pedras de coral de madrepérola e turquesa, produzido na região de Ladakh, as tornozeleiras com terminais de cabeça de Makara, figura mítica que vive nos rios e possui poder mágico sobre a água,  vindas do Rajastão, na Índia, o par de braceletes Gubur, usado por toda noiva judia iemenita, do Deserto da Arábia, e muitos exemplos de relicários do Deserto do Himalaia, que são usados nos braços e na cintura e representam a religiosidade destes povos.

Também serão vistos artigos curiosos, com funções que diferem muito da nossa realidade cultural, como as tornozeleiras em prata chamadas Todo ou Kalla, do Deserto de Thar, cujo objetivo é sinalizar a presença de mulheres nos ambientes da casa, e as pulseiras de prata com formas pontiagudas, que podem servir como objetos de defesa pessoal para mulheres da Índia.

Thereza fotografa uma tibetana

A exposição traz ainda fotografias dos diferentes desertos e de seus habitantes, todos registrados pela própria colecionadora. São mais de 300 imagens, que possibilitarão ao visitante perceber o olhar criterioso de Thereza, traçando, poeticamente, o caminho desses povos através das ações do tempo.

Ana Cristina Carvalho é a curadora convidada da mostra, que tem projeto expositivo de Haron Cohen, produção executiva da arte3/conceito, coordenação de conteúdo de Maria José Birraque e registro fotográfico de Hugo Curti.

:: Serviço ::

EXPOSIÇÃO “JOIAS DO DESERTO”
Local: Galeria de Arte do SESI-SP – Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso
End.: Av. Paulista, 1313 (metrô Trianon-Masp) – Tels.: (11) 3146-7405/06
Visitação: até 10 de junho de 2012
Horário: segunda-feira, das 11h às 20h, terça a sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 19h
Agendamento de grupos: (11) 3146-7396, das 10h às 13h e das 14h às 17h.
Entrada franca. O espaço tem acessibilidade.
Concepção: Thereza Collor | Curadora convidada: Ana Cristina Carvalho