O Itaú Cultural apresenta uma exposição de tema poético: a saudade, personificada na obra de alguns dos mais representativos fotógrafos brasileiros

Paula Sampaio (Belo Horizonte, MG, 1965) Os Pássaros São os Últimos a Partir (da série O Lago do Esquecimento), Tucuruí, PA, 2012 impressão em metacrilato | coleção da artista (Foto: reprodução/Itaú Cultural)

Mais de 100 imagens de 36 artistas brasileiros, ou residentes no país, tem trabalhos apresentados na mostra A Arte da Lembrança – A Saudade na Fotografia Brasileira. Dispostos em dois andares do espaço expositivo do Itaú Cultural, eles têm a saudade como linha curatorial e tema em comum. A exposição, cuja curadoria é de Diógenes Moura com pesquisa de Samuel de Jesus e projeto expográfico de Marta Bogéa e Anna Helena Villela com Izabel Barboni e Li Arakaki, inaugurada em 24 de janeiro, permanece em cartaz até 8 de março.

Em um total exato de 110 fotografias – duas delas, videoprojeções –, o visitante navega por um universo pessoal e universal, a partir de registros fotográficos situados entre o documento e os ensaios. Uma requintada seleção pautada pela poética das imagens, reúne conteúdos que perpassam tópicos condensados na palavra saudade, como história, solidão e memória.

A saudade traduzida pela fotografia entre os anos 30 e a atualidade

Marcio Távora (Fortaleza, CE, 1979) Mesa, Hotel Columbia Palace, São Paulo, SP, 2011 pigmento mineral sobre papel algodão | coleção do artista (Foto: reprodução/Itaú Cultural)

O percurso iconográfico de mais de 80 anos de produção, se situa entre a década de 1930 e 2014 com imagens de representativos fotógrafos brasileiros – de Alcir Lacerda a Marcio Távora, passando por Ademar Manarini, German Lorca, Wagner Almeida, Voltaire Fraga, José Yalenti, Gilvan Barreto, Luiz Braga, Julio Agostinelli e José Oitica Filho. Também de estrangeiros que, residentes no país, aqui desenvolveram a sua obra: o letão Alexandre Berzin e o austríaco Kurt Klagsbrunn.

“A arte da lembrança convida o espectador a iniciar um percurso singular em um espaço de associação de ideias onde se juntam as experiências sensíveis que detemos do mundo”, observa o curador. Pernambucano, poeta, fotógrafo e ex-curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, ele acaba de ganhar o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pela exposição Retumbante Natureza Humanizada, realizada em 2014 no Sesc Pinheiros com fotos de Luiz Braga um dos participantes de A Arte da Lembrança.

José Yalenti (São Paulo, SP, 1895 – São Paulo, SP, 1967) Evanescente, 1945 vintage; gelatina e prata sobre papel | acervo Banco Itaú (Foto: reprodução/Itaú Cultural)

Para ele, a tradução de saudade vibra nas imagens selecionadas para esta exposição no Itaú Cultural. “Nos rostos anônimos oferecidos ao passante curioso, dispostos no cenário improvisado de um fotógrafo popular”, diz complementando: “No desvio de uma rua, ou no meio da praça pública, percebemos a estranha sensação do seu limiar imagético.”

Para isso, ele fez uma extensa pesquisa em todo o país em acervos particulares e instituições públicas. Levou para o instituto na Paulista, cópias de época e ampliações únicas em pigmento mineral sobre papel algodão, entre outras, tanto em P&B quanto em cor e videoprojeções. Organizou um percurso para a mostra, sem ordem cronológica, mas, sim, sensorial, agrupando as imagens nas epígrafes Diante do limiar, Devanieo do flâneur, Fantasmagoria, Levar o véu, A poética da dormência, Árida como a morte.

Kurt Klagsbrunn (Viena, Áustria, 1918 – Rio de Janeiro, RJ, 2005) Diante do Cinema, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, 1946 pigmento mineral sobre papel algodão | (Foto: reprodução/Itaú Cultural)

Atividades Paralelas

No último domingo de janeiro e durante os domingos de fevereiro e os dias 1 e 8 de março, a exposição conta com uma série de rodas de conversas descontraídas com os educadores do instituto, sobre diversos assuntos como fotografia, memória e representação da saudade (veja a programação abaixo). Organizadas pelo Núcleo de Educação e Relacionamento, estão programadas para acontecerem sempre às 16h. O bate-papo tem duração de 30 minutos, conta apenas com 20 vagas, mas sem obrigatoriedade de inscrições prévias.

Marcio Lima (Recife, PE, 1960) Aquela Música que Escutei (tríptico), São Francisco do Conde, BA, 2009 pigmento mineral sobre papel algodão | coleção do artista

:: SERVIÇO ::
A Arte da Lembrança – A Saudade na Fotografia Brasileira
Abertura para convidados: 24 de janeiro, a partir das 11h
Visitação: a partir das 14h de 24 de janeiro a 8 de março de 2015
De terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Pisos 1M e -1

Atividades Paralelas
Domingos, às 16h:
25 de janeiro: Vestígios na cidade: a cidade de São Paulo e suas transformações, com interpretação em libras

Fevereiro:
Dia 1: Fotografia modernista
Dia 8: Um olhar sobre a morte na história da arte
Dia 15: O homem da multidão: modernização das cidades
Dia 22: Fotografia Lambe-Lambe, em Libras com intepretação em português

Março:
Dia 1: O álbum de família na fotografia digital
Dia 8: O Fotoclubismo e a fotografia moderna no Brasil

Imagens: Reprodução Site Itaú Cultural