Atenção a estas marcas: Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e WalMart. São elas que acabam de lançar o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. O grupo, liderado pelo Instituto Ethos, e com apoio da Aberje, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), União para o o Biocomércio Ético (da sigla em inglês UEBT), da Conservação Internacional (CI), do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVCes), do Imazon e do Ipê, visa abrir espaço para a construção conjunta de uma agenda positiva sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira.

O tema, fundamental para os negócios, para a economia e para a sociedade, ainda não entrou na agenda dos executivos e dos governos. Está ganhando alguma repercussão porque, em outubro próximo, na cidade de Nagoia, no Japão, a Onu vai realizar a 10ª. Conferência das Partes sobre Biodiversidade, em que assuntos como patrimônio genético, preservação das espécies e ocupação de áreas com florestas serão discutidos.

Da biodiversidade depende a qualidade dos serviços ambientais que sustentam a vida humana neste planeta. Conservá-la e estabelecer regras para seu uso sustentável são tarefas imprescindíveis para a própria continuidade dos negócios. O que acontece se a água escassear-se ainda mais? E o acesso aos recursos naturais?

O mundo tornou-se mais consciente a respeito do tema quando, a partir do fim do ano passado, o economista Pavan Sukhdev começou a publicar os resultados de um grande estudo que mediu o valor econômico da biodiversidade e dos ecossistemas.  O estudo, chamado “A economia dos ecossistemas e da biodiversidade” revelou alguns dados alarmantes:

·Atualmente, mais de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão ameaçados;

·Desse total, 35% são mangues e 40% florestas;

·A demanda por recursos naturais excede em 35% a capacidade do planeta Terra;

·Caso o ritmo atual dessa demanda for mantido, em 2030 serão necessárias duas Terras para atendê-la;

·Em 2000 e 2005, a devastação das florestas na América do Sul foi de 4,3 milhões de hectares;

·Do total de hectares devastados, 3,5 milhões foram registrados no Brasil;

·O prejuízo anual com o desmatamento é de US$ 2,5 a 4,5 trilhões de dólares à economia global – o equivalente a jogar no lixo todo o PIB do Japão, o segundo maior do mundo.

25% da diversidade biológica do mundo estão aqui. Por isso, somos o primeiro país do mundo em biodiversidade. Por isso também, a ONU definiu o Brasil como o país-chave para a COP 10, a Conferência das Partes sobre Biodiversidade que vai se realizar em Nagoia, no Japão.

O grupo de empresas do Movimento lançou ainda o rascunho de uma Carta Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, trazendo alguns esboços de propostas, tais como:

– Compromissos voluntários de incorporar nas estratégias de negócio os princípios da Convenção da Diversidade Biológica (CDB); assegurar que as cadeias produtivas façam o mesmo; contribuir para a preservação das comunidades indígenas e tradicionais.

Por outro lado, pretendem propor ao governo brasileiro:

– Estabelecer metas claras e objetivas sobre biodiversidade para serem atingidas até 2020; articular com outros países cooperação global para a valoração dos serviços dos ecossistemas, com o propósito de promover mecanismos econômicos para a conservação e restauração da biodiversidade.

O Movimento promoverá painéis de discussão entre líderes empresariais, formadores de opinião e membros da sociedade civil para a redação definitiva da Carta. Ela será entregue em setembro ao governo brasileiro e a todos os candidatos à presidência nas eleições deste ano.