Em 23º filme, James Bond se consagra como o espião eterno do cinema em obra-prima da ação

Em um ano de tantas comemorações (o centenário de Jorge Amado e os 110 anos de Carlos Drummond de Andrade, por exemplo), nada mais justo do que também celebrarmos o 50º aniversário de uma das figuras mais icônicas do cinema: Bond, James Bond.

Para celebrar com muita pompa, além de uma caixa espetacular com os 22 primeiros filmes da saga em Blu-Ray e mais de 130 horas de bônus, muitos criados para esta edição história, o 23º filme do agente secreto inglês acaba de chegar aos cinemas e, como conclusão final, 007 – Operação Skyfall (Skyfall, EUA/Reino Unido, 2012) é um dos melhores filmes da série.

Os motivos? Todos os melhores elementos de todos os filmes estão lá: desde as bugigangas de Q (que, claro, são inseridas num contexto bem mais realista do que aquelas coisas divertidas, mas absurdas, dos outros filmes), passando pelas Bond Girls sensuais, mas poderosas, por um vilão emblemático e, claro, o clássico Aston Martin. E, sim, tudo isso junta funciona, ainda mais na complexa história desenvolvida por Neal Parvis, Robert Wade e John Logan.

Em Skyfall, a gente acompanha James Bond (mais uma vez interpretado por Daniel Craig, e que foi comparado ao personagem interpretado nos primeiros filmes da série por Sean Connery) numa investigação que pode ter relação com o passado de M (Judi Dench, excelente, como sempre). Enquanto o MI6 é atacado, o agente 007 precisa rastrear e destruir essa ameaça – que tem o nome de Silva (Javier Bardem, também ótimo) -, não importando o quão pessoal será o custo disto.

Ok, primeiro, o porque desse “pessoal”: pelo simples fato de James Bond não ser apenas mais o personagem que vai lutar, atirar ou pegar as mulheres, mas sim um homem com um psicológico bem aprofundado e desenvolvido, coisa que já havia sido trabalhado de forma discreta em Cassino Royale, estreia de Craig no papel do agente. E, a partir desse intuito de transformar o personagem em algo a mais, o filme vai ganhando suas qualidades.

E esse 007 não é apenas mais um filminho de ação, é um filme com ação e arte, bem semelhante ao que Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge apresentou para o público: com a direção de Sam Mendes (o cara por trás de Beleza Americana e Estrada para Perdição) e a fotografia de um cara chamado Roger Deakins, o filme ganha um ar mais épico, intenso e genial: por exemplo, existe uma cena de luta num prédio em que ela é praticamente feita por silhuetas, lembrando um espetáculo do Cirque Du Soleil.

Outro aspecto bem bacana do filme é o modo como ele trabalha com o conceito de velho e novo, discutindo principalmente como deve ser feita a espionagem de hoje em dia: de um modo clássico com um agente de terno e gravata em campo ou por trás de uma mesa?

O vilão, Silva, é o culpado por tudo isso – e Javier Bardem sabe como ninguém como construir um personagem. Ele é insano, perigoso e traiçoeiro, e rouba a cena de um modo bem semelhante ao que Heath Ledger fez com seu Coringa em Batman – O Cavaleiro das Trevas.

Tudo isso é muito bem trabalhado e desenvolvido no roteiro, que possui grandes reviravoltas e traz vários aspectos que homenageiam os outros filmes da saga e o próprio personagem. É um filme para os fãs e para o público, deixando, inclusive, um excelente gancho para o 24º filme, já em desenvolvimento. E, como os diamantes, James Bond é eterno.