Memórias de mais uma das melhores vozes do grunge que nos deixou

A notícia da morte inesperada de Chris Cornell abalou o mundo roqueiro, principalmente a geração grunge. Chris Cornell se suicidou após um show em Detroit, aos 52 anos. O movimento, que teve início em Seattle na década de 80, foi percursor de um estilo que ultrapassou as caixas sonoras e teve manifestações na moda, arte e comportamento nas décadas seguintes. Chris Cornell agora contempla uma longa e triste lista de músicos que fizeram o movimento grunge ser cravado na história do rock. Junto com Andrew Wood, do Mother Love Bone, Kurt Cobain, do Nirvana, Layne Staley, do Alice in Chains, Scott Weiland, do Stone Temple Pilots e alguns outros, o movimento grunge vai perdendo força e nos fazendo questionar quais seriam os fantasmas que assombram essas mentes brilhantes, que não conseguiram sair do buraco negro para a luz. É inevitável nos questionarmos dos motivos que alguém tem para se enforcar. Mas não cabe a mim ou a ninguém julgar, apenas lamentar essa enorme perda para a música e para seus amigos e familiares.

Chris Cornell tinha uma das vozes mais incríveis que já ouvi. Atitude, criatividade e ousadia colocaram ele a frente de bandas memoráveis como o Soundgarden e Audioslave, além da participação em outros projetos como Temple of the Dog, cuja música Hunger Strike faz parte da trilha sonora do filme Singles (Vida de Solteiro em português), uma das melhores trilhas sonoras da época junto com outras bandas grunges como Pearl Jam, Mother Love Bone, Screaming Tress e clássicos como Jimi Hendrix e uma cover do Led Zeppelin.

Eu era a pura essência do movimento grunge na década de 90. Cabelos vermelhos, camisa xadrez e coturnos, pôsters de bandas em todas as paredes do meu quarto, ouvindo música 24 horas e amigos que só falavam de música. A vivência roqueira fazia parte da família e é muito triste ver esses ídolos do rock morrerem pouco a pouca deixando um vazio e uma tristeza em nossos corações. A cena musical do rock foi sendo disseminada abrindo espaço para outros movimentos como o eletrônico, indie, pop entre outros, mas que nem se comparam em sua amplitude, numa época onde não existiam mídias sociais e o alcance era bem menor e mais lento. Mesmo assim, a música rompia fronteiras em todos os níveis e mostrava sua força não pelos seus seguidores ou likes mas sim pelos milhões de discos vendidos. As bandas sozinhas lotavam estádios com 120 mil pessoas e agora são necessários festivais com line up de mais de 40 atrações para fazer o mesmo. Entretanto, nunca foi tão fácil colocar sua voz no mundo e mostrar suas habilidades musicais. My my, hey hey
Rock and roll is here to stay… Chris Cornell se foi mas sua música estará presente em nossas vidas para sempre. Say “hello” to heaven…

Ouça o último disco solo de Chris Cornell e veja o vídeo de 3 músicas que para mim, fizeram parte da minha história do grunge: