Hoje ganhou status de gênero fotográfico. No iPhone por exemplo há um grupo só para elas. Há o rolo da câmera, os filmes, as panorâmicas e…. as selfies!

Eu fico me perguntando quantos auto-retratos as pessoas hoje fazem para justificar a criação de um grupo exclusivo para eles. 10, 20, 200??

A julgar pelo que vi durante uma corrida pela orla de Ilhabela numa véspera de feriado, está mais para 200. Era pau-de-selfie pra todo lado, cada um querendo garantir o seu melhor ângulo. E quando as pessoas não estavam posando com aquele sorrisão feliz e espontâneo, estavam concentradas no seu smart phone despachando a foto novinha em folha no Facebook ou outra rede qualquer. E logo depois, imagino eu, checando ansiosamente conferir likes e afins.

Deve ter ficado muito interessante a foto de um casal desfrutando o fim de tarde na praia; enquanto ela esticava ao máximo o seu pau-de-selfie pra pegar os dois naquele momento, ele parecia entretido demais em algum papo de whatsapp ou algo parecido para olhar para a foto. Foi de costas mesmo.

Outro dia ouvi o relato sobre uma moça que entrou meio sisuda na balsa (que faz a travessia entre a Ilha e São Sebastião) e assim permaneceu até sacar o seu tirador de selfies da bolsa. De repente… tchan! Cabecinha de lado, jogada de cabelo, boca de beijinho e pronto, mais uma selfie arrasadora na galeria e um monte de amigas babando de inveja.

Eu fiquei sabendo outro dia até que uma certa moça (uma mega super ultra estrela, só não entendi muito bem ainda do que) vai até lançar um livro exclusivo com uma seleção super especial das suas melhores selfies. Dizem que ela é tipo um papa do assunto. Imaginem que máximo, 350 páginas só de selfies da moça. Imaginem a diversidade de bocas, peitos e poses sensuais! A diversidade de fundos; com espelho, sem espelho, no claro, no escuro, no quarto, no banheiro… quem sabe até alguma no trono.

Não tenho nada mesmo contra o auto-retrato, volta e meia eu até curto tirar algum. As vezes você está sozinho naquele baita lugar interessante e bate uma necessidade de registrar a si mesmo. Ou está com a família, com a turma, e ninguém quer ficar de fora daquela foto pra posteridade. As vezes até pode ser legal, mesmo, mas confesso que o meu repertório de caretas não está lá muito criativo, fica meio monótono.

Tem gente que diz que é uma obsessão, faceta de uma sociedade cada vez mais narcisista, vazia e carente, uma doença social. Talvez só uma bizarrice da era das redes, uma maldição passageira que logo passará. Quem sabe?

Dei uma olhada no meu telefone, agora está fácil de achar, encontrei uma!

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